Tongue Tied

Simplesmente Complicado

  Tento forçar meus olhos a se abrirem. Minha cabeça está pesada e minha mente confusa. Ouço alguém me chamando baixinho, com muita dificuldade, consigo mover minhas pálpebras. Branco. Tudo branco. Com certeza estou em um hospital. Sinto um carinho no meu rosto, sei que é Dinah sem nem mesmo ter que olha-la. Dou um pulo na cama quando tomo consciência dos últimos acontecimentos.

-Como elas estão? – Pergunto afobada, com medo da resposta.

-Calma, Mila. – Ela coloca a mão no meu peito, me impedindo de levantar. – Vou chamar o médico, fica quietinha.

-Não, Dinah! Me responde, elas estão bem? – Meus olhos se encheram de lágrimas. Não entendi nada que aconteceu naquele apartamento. Lucy simplesmente apareceu de supetão, me nocauteou e partiu com todos os capetas do inferno pra cima de Lauren. E deve ter sido o próprio satanás que derrubou elas da janela, porque é muito azar tropeçar em um tapete e despencar de um prédio levando outra pessoa junto! Pelo menos agora, não me importa a loucura da Lucy, me dói só de imaginar o desfecho dessa história. Pessoas não costumam sobreviver a quedas dessa altura. Levei a mão ao peito, tentando aliviar a queimação que se instalou ali. Uma das minhas melhores amigas e meu amorzinho.. só conseguia implorar em pensamento: meu deus, não faz isso comigo!

-Elas estão bem, não precisa chorar. – A maior segurou meu rosto com carinho, enxugando minhas lágrimas. – Vou te contar o que aconteceu, mas antes você precisa ver o médico, ok? – Ela tentou se afastar, mas não deixei, agarrando seu braço.

-Você jura? – Perguntei ansiosa. – Jura que as duas estão bem? – A olhei desconfiada. – Você está mentindo! Ninguém fica bem depois de cair de mais de quinze metros! – Cai em um choro intenso agora.

-Camila, olha pra mim. – Virei o rosto para o outro lado. – Fica calminha, meu amor. – Me abraçou com força. Me debati em seus braços, não quero porra de abraço nenhum! – Tem algum momento nessa sua vida que você não seja escandalosa? Caralho, ficou desmaiada por mais de sete horas e nem assim perde a oportunidade de surtar e parecer doida! Já te falei que ninguém morreu, sossega essa boceta!

-Ora, ora, Vejo que ela acordou agitada. – Um homem gordo e velho de jaleco entrou no quarto.

-Doutor, ela não quer ficar quieta! Vou desmaiar ela de novo. – Dinah apertou as mãos no meu pescoço, como se me esganar fosse a solução pra todos seus problemas! Eu deveria ir embora da vida dela, não posso fazer nada que ela fica nervosa!

-Por favor, senhorita, não asfixie a paciente. – O doutor de merda tocou seu ombro gentilmente

-Tá bom! Parei. – Me soltou e foi se sentar na poltrona.

-Você precisa se acalmar, ok? – O Seu Bariga se virou pra mim. – Imagino que esteja afobada assim por causa das senhoritas que chegaram junto com você, mas posso garantir que elas estão bem. – Suspirei aliviada, na medida do possível. – Como está se sentindo? Está com dor?

-Nada diferente, doutor. Dor só na alma. – Respondi me encostando nos travesseiros.

-Entendo.. – Anotou alguma merda na prancheta. – Então.. assim que terminar o soro você está liberada. Já fizemos todos os exames necessários quando você chegou, seu desmaio foi causado pelo estresse, e não pela pancada na nuca. A lesão foi superficial, não há riscos de danos posteriores, caso sinta alguma dor na área, só um gelinho deve resolver o problema. – Sorriu simpático.

-Ok. – Murmurei desanimada. O homem tinha acabado de cruzar a porta quando duas cabeças se infiltraram no quarto.

-Estamos entrando. – Anunciou Ashley, sendo seguida por Keana. – Que soninho bom, hein? – Brincou a loira.