-Ai, ai, ai Lauren! Solta, tá doendo! – A pequena vigarista que descobri se chamar Allyson resmungava aborrecida enquanto era puxada pela orelha por uma Lauren muito puta da vida. – Pra onde você está me levando? Isso é contra a lei, sabia? Eu vou gritar, você não pode me obrigar a ir onde não quero! Sou uma cidadã americana, sei os meus direitos!
-Sabe, é? – Minha namorada torceu ainda mais a orelha da garota. Quase que tive dó. – Pois você devia é estar agradecendo a deus por eu não arrebentar a merda dessa sua cara, sua irresponsável!
Depois que finalmente conseguimos pegar a baixinha, rolou um arranca rabo danado entre as meninas. Descobri que Allyson, a mulher que por pelo menos outras duas vezes me sacaneou em Nova York, é a grande amiga que Lauren por tantas vezes citou com carinho e, ao mesmo tempo, tristeza nas histórias que narra para mim sobre a sua adolescência.
A discussão foi calorosa, mas bem breve. A gringa exigiu que ela viesse conosco, e quando ela se recusou, a de olhos verdes falou que era isso ou a levaria, mesmo que a força, na delegacia mais próxima e prestaria queixa pelo roubo do celular. A mulher nos acompanhou contrariadíssima, mas acompanhou.
Dentro do táxi, o caminho de volta até nosso hotel foi feito em absoluto silêncio. Eu não estava nem um pouco confortável com aquela mulher ali dentro. Primeiro, por saber o que ela fez com a minha namorada e ter uma raiva horrorosa do ocorrido, mesmo que ainda não conhecesse Lauren na época. E segundo, por preferir evitar contato com pessoas que sei que fazem mal aos outros.
Assim que o carro parou, a primeira coisa que a mulher fez foi tentar correr. Foi ai que Lauren a apanhou pela orelha e começou a arrasta-la rumo a entrada do prédio. Nunca a vi em um estado tão intenso de raiva, e confesso que estava começando a ficar preocupada com o rumo que aquilo poderia tomar.
-O seu pai adoeceu de tristeza depois que você sumiu, aposto que não está sabendo disso, não é?! – A gringa gritou exaltada e pela primeira vez a expressão da mulher caiu. – Eu não estou acreditando nisso! Juro que não estou. Todo mundo louco de preocupação atrás de você e você ai na boa, armando teatrinhos para enganar os outros. – Passou as mãos pelos cabelos nervosamente. – A sua consciência não pesa?!
-Não exagera, Lauren. Tenho certeza que meu pai está muito bem sem mim. – Afirmou, mas existia uma ponta de hesitação em sua voz. – Além do mais, eu sou adulta e sei me cuidar, se vocês ficaram se descabelando atoa por ai atrás de mim, o problema não é meu.
-Você vai voltar para Nova York comigo e vai ir ver o seu pai. – Declarou com firmeza, deixando claro que não era um pedido.
-Não vo-
-Por acaso eu te perguntei alguma coisa?! – Tomei um susto quando Lauren avançou para cima da mulher e a levantou pelo colarinho da camisa. Vi que ali era o momento de intervir, mas antes que eu pudesse me mexer, Normani já o tinha feito.
-Ei, parou! – A maior separou as duas, jogando uma para cada lado. Abracei minha namorada por trás e mantive meus braços firmes em seu tronco. Lauren estava tremendo de raiva e seu olhar em direção a garota me dava medo.
-Amor, calma, por favor. – Surrurrei bem baixinho em seu ouvido. – Violência não resolve nada e você não é assim. Respira, ok? – Ela assentiu com a cabeça e logo fez o que eu pedi, fechando os olhos e respirando bem fundo.
-Pode me soltar, eu não vou fazer nada. – Prometeu. Afrouxei o aperto, mas continuei com minhas mãos em seus ombros. – Ally, é sério. – Se voltou para a menor que parecia distante, pensativa. – Nós precisamos conversar.
-Tudo bem. – Respondeu entre um suspiro. – Mas se você vier me bater, saiba que eu vou armar um escândalo.
-E se você tentar correr, saiba que vai ser muito pior. – Devolveu a ameaça. – Mani, Keana, vocês devem estar cansadas e loucas por um banho. Podem ir, está tudo certo aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tongue Tied
Romance''Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fo...