Learn To Let Go

92 10 0
                                    




  Parada em frente ao prédio em que vivi com meus melhores amigos durante os primeiros anos em Nova York, eu refletia profundamente. A questão era: levando em conta o quão rápido uma notícia ruim costuma correr, como diabos só fiquei sabendo dos fatos agora, três semanas após terem ocorrido?

Solto um suspiro chateado, que é interrompido no meio por mais uma crise de tosse. Nem me preocupo em reclamar, mesmo que em pensamento. Além de estar em um estado agudo de perplexidade devido ao que me foi contado, também estou cada dia mais conformada que essa porra de gripe não vai ir embora nunca. Quando a tosse passa, eu respiro fundo, crio coragem e decido entrar.

Claro, sei que não tenho facilitado a vida de ninguém que queira entrar em contato comigo me refugiando em Los Angeles, mas acho que merecia ter sido informada antes sobre a bomba que estourou por aqui.

Aparentemente, Harry e Ariana brigaram feio, e meu amigo, além de ter saído de casa, recusou qualquer tentativa acordo e foi direto na justiça pedir a guarda da Alycia. Nem preciso dizer que ambos estão um caos e o clima todo fodido, né?

Assim que acabei de ouvir a notícia, larguei tudo o que estava fazendo e embarquei no primeiro voo que consegui, embora não esteja totalmente convencida dessa história. Quero dizer, o Harry jamais faria isso, sei que não. Não posso pensar em sequer um motivo que o levaria a apelar para uma medida tão drástica contra Ari, ainda mais quando todo mundo sabe que ele faria qualquer coisa por ela. Algo tem que estar errado, deve existir algum engano... Porra, eles se amam! Jamais se atacariam dessa forma.

Enquanto subia as escadas, tentava calcular as chances de tudo não passar de um terrível mal-entendido. Eu não estou conseguindo acreditar e, se a fonte não fosse de minha absoluta confiança, nem teria me dado ao trabalho de vir apurar. O que de tão sério poderia ter acontecido? Quando cheguei a porta, com um milhão de teorias ainda se passando pela minha cabeça, ergui o punho e esmurrei a madeira. Ouvi risadas e logo fui atendida, contudo, diferente do que pensei, não foi minha amiga quem abriu.

-Pois não? – Tive que erguer o pescoço até o talo para conseguir mirar a origem da voz grossa, e quando o fiz, tive que percorrer o caminho inverso para ter certeza de que estava vendo certo.

Parado a minha frente, todo suado e sem camisa, estava um homem negro de pelo menos dois metros de altura. Seus músculos eram salientes, firmes e muito bem definidos, quase como veludo esticado sobre o aço. Aparentava estar na casa dos vinte, tinha cabeça raspada e sorria com gentileza. No entanto, confesso que fiquei assustada ao, SEM QUERER, passar os olhos por sua calça jeans. Que que isso?! Chocada, meio que não consegui desviar o olhar, e enquanto me prestava a esse vexame, Ari surgiu de repente ao seu lado, igualmente suada, desprovida de roupa e descabelada. E sabe, desconfio que o rapaz só não estava descabelado também, porque não tinha cabelo.

A minha amiga sorria quando abraçou sua cintura, mas seu sorriso desapareceu quando me viu. Igual uma idiota, fiquei lá com a boca aberta, revezando o olhar de um para outro.

-Wow! – Foi tudo o que saiu quando finalmente entendi o que estava rolando. – Eita, q-quer dizer... Wow! – Ari reagiu ao meu comentário super produtivo com um sonoro suspiro desanimado.

-Peter, meu bem, coloca um roupinha e me espera no quarto, tá bom? – Se dirigiu ao homem, puxando seu braço para que se apressasse. Quando o tal Peter sumiu porta adentro, Ari voltou sua atenção para mim. Ficamos nos encarando em dúvida, sem saber o que fazer, até que a menor revirou os olhos e resolveu tomar a iniciativa. – Anda, entra. Vou fazer um café para gente.

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora