Que os jogos comecem!

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  Nunca estive tão envergonhada. Enquanto limpava com anti séptico os arranhões no braço de Dinah, mal conseguia levantar o olhar.

-Ai, Camila, tá ardendo porra! – Reclamou com um bico enorme.

-Desculpa. V-vou tentar ir mais devagar. – Meus olhos marejaram.

-Espera. – Ela segurou meus pulsos. – Não estou aguentando mais te ver com essa cara. – Suspirou chateada. – Chega de adiar essa conversa. Anda, pode começar a falar.

Depois de o primeiro tapa trocado entre Dinah e Normani, não demorou muito para os seguranças da boate intervirem e botarem todas nós pra fora. Por sorte não deu tempo das duas se machucarem; ambas só saíram com arranhões e cabelos desgrenhados. O que não diminui nem um pouco a minha culpa, já que a briga toda só aconteceu porque fui uma imbecil. Não culpo Normani por querer me arrebentar; ela é super protetora com Lauren e ficou com raiva da atitude idiota que tive com a amiga dela. O mesmo aconteceu com Dinah, que não hesitou nem por um minuto em se ferrar pra me defender, apesar de saber que eu era a errada da história.

A confusão morreu lá dentro; passamos por uma saída diferente e depois não vimos mais ninguém. Os minutos que passamos tentando parar um táxi foram terríveis; Dinah me xingou toda, afinal, ela pode até ter comprado meu boi na hora que precisei, mas ela também gosta muito da Lauren e ficou irritadíssima com meu comportamento infantil e inconsequente. Eu não estava em condições de dizer alguma coisa ou tentar me explicar; minha embriagues não tinha passado e tudo que fiz até chegar em casa foi chorar e pedir desculpas.

No final o táxi não foi necessário; Lucy apareceu buzinando para nós com seu carro, trazendo consigo no banco de trás uma Ariana completamente desmaiada. Me senti ainda pior ao perceber que iria esquecer minha amiga caindo de bêbada e sozinha em uma balada. Tudo bem que eu não estava muito melhor do que ela e as circunstâncias foderam com a minha cabeça, mas continua sendo errado. Fomos o caminho todo em silêncio, tudo que se ouvia naquele carro eram os sons horríveis da minha choradeira. Chegando ao nosso apartamento, Dinah recomeçou com o sermão e tentou a todo custo me fazer falar o que aconteceu, mas eu simplesmente não conseguia contar sem me embolar toda, então ela desistiu por hora e foi dormir. Lucy praticamente teve que me dar banho, o peso emocional e físico da noite me atingiu com força, meus olhos estavam se fechando sozinhos e mal conseguia me manter em pé. A última coisa que me lembro antes de apagar totalmente, foi dela me dando um beijo na testa e dizendo que me ama.

Quando acordei já se passava do meio-dia; como se não bastasse a consciência pesada, já despertei sofrendo com a ressaca. Se eu pudesse, não me levantaria da cama até o ano de 2029, mas infelizmente minhas merdas não iriam se resolver sozinhas, então com muito custo arrastei meu corpo até a sala. Lucy e Dinah tomavam café quando apareci; Ariana até o momento atual se encontra morta no quarto de Harry. Quando vi as marcas de unha no braço da minha melhor amiga me senti ainda mais triste, pra tentar compensa-la um pouco, me ofereci para cuidar de seus machucados, mas só de olhar sinto vontade de chorar de novo.

-Não era pra ter sido daquele jeito. – Comecei. – Eu ouvi a Normani contando pra vocês que iria tentar jogar um homem pra cima da Lauren, então decidi ir atrás pra atrapalhar e chamei a Ari pra ir junto.

-Puta merda! – Negou com a cabeça. – E qual era o plano brilhante de vocês?

-Observar de longe e só interferir em caso de emergência. – Encolhi os ombros.

-Se vocês estavam observando mesmo, como não perceberam a Lauren fugindo do Ty igual o diabo foge da cruz? E por interferir, você quis dizer ser uma vaca e depois empurrar uma garota com o braço quebrado? – Elevou o tom de voz. – Camila, você já imaginou se a Lauren cai e machuca aquele braço de novo? A coisa ia ficar feia pro seu lado!

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora