Meta o louco com moderação

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A vida não falha em me surpreender. Lauren e eu continuávamos a nos encarar com sorrisos largos. A hérnia de disco que vou ter por causa da pancada valeu a pena, como que deixa uma coisa linda dessas se esborrachar toda no chão?

-Estive te procurando! – Ela comentou feliz. – Você se machucou?

-Também estive te procurando! – Me inclinei e deixei um beijinho na sua bochecha. – Machucou. – Respondi com um bico e sua expressão se tornou preocupada. – Por causa disso, além do seu número de telefone também está me devendo um encontro. Por sua conta. – Ela riu alto.

-É claro q- – Sua fala foi interrompida bruscamente por um puxão na jaqueta que a fez cair longe.

-Desgraçada! Como pode ter a cara de pau de aparecer aqui depois de tudo que me fez? – O rapaz que antes a perseguia gritou em plenos os pulmões.

O clima de alegria que rodeava o bar mudou drasticamente. A cantoria cessou, ninguém mais sorria, pelo contrário, todos pareciam bravos. Lógico, um cara desse tamanho empurrando uma mulher? Ninguém aceita.

-Liam, segura sua onda. – Um cara barbudo chegou puxando o otário pra trás. Ele ainda queria partir pra cima dela, dá pra acreditar? Eu já tinha me levantado e ela também, estávamos lado a lado. Senti um braço passando por cima de meus ombros protetoramente. Nem precisei olhar pra saber que era Dinah.

-Me solta! Vou partir essa puta no meio! – Ele rosnava com tanto ódio que fiquei assutada. O que ela poderia ter feito pra o deixar assim? Deve ser história de outros carnavais, ninguém agiria desse modo por uma brincadeira. A garota o encarava firme, sem demonstrar medo algum pela ameaça.

-Você falou que vai fazer o que com a minha irmã, Payne? – O namorado da garota grávida, acho que Zayn o nome dele, se enfiou na nossa frente tão ou mais vermelho de raiva do que o outro. Tinha uma faca na mão. Nesse momento vi que a confusão era séria.

-Zayn, não precisa disso. Tá tudo bem. – Lauren o abraçou por trás tentando evitar que avançasse. Percebi que Vero, Alexa e sua outra amiga também se aproximaram pra conter o rapaz. Assistia tudo quietinha, abraçando forte o braço de Dinah.

-Além de encubado, racista e ladrão, também bate em mulher? Por que não estou surpresa? – A negra estilosa o questionou com raiva. O barbudo grandão tinha problemas em segura-lo.

-Repete? Não consegui entender. – Respondeu debochado. A olhou inteira com um sorrisinho cínico e olhar de nojo. – Não falo africano ainda.

Dinah pareceu prever o desastre que aconteceria a seguir. Pisquei uma vez e já estávamos longe da rodinha. Pisquei outra e uma porrada generalizada estava acontecendo.

É difícil acreditar que esse tipo de gente ainda existe. Procuro me cercar de boas pessoas, que acrescentem boas coisas a minha vida. Na minha realidade não é normal tratar os outros desse jeito. Mais do que chocada, estava preocupada. Nada que preste sai da violência.

-Meu deus, a Vero e a Lauren! – Tentei voltar, mas Ariana não deixou.

-Calma, Camila! Elas já devem ter se protegido, vamos sair daqui e ligamos na Vero.

Mal passamos para o lado de fora e a policia já estava entrando. Ficamos a uma distância segura esperando as meninas sairem. Esse dia está sendo um eterno plot twist!

-É ruim demais de mexer com essa cidade! Não consigo sair dos lugares sem ser de viatura! – Lauren saia sendo conduzida por um policial. Vero e Zayn vinham junto.

-Ruim demais é de mexer contigo Laur, parece que tem ímã pra confusão! Se tem merda acontecendo em algum lugar tu tá no meio. Incrível! – O policial a respondeu rindo.

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora