One Life, One Chance

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 primeiro e único capítulo narrado pela Lauren

Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado...

Resignação para aceitar o que não pode ser mudado...

E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.

Não sei para onde vou, só sei que preciso desesperadamente chegar lá. Então continuo a nadar; nadar contra a correnteza, combatendo as ondas e desafiando o mar. Talvez com sorte eu consiga atingir o portal para um universo paralelo, ou então só um ponto tranquilo qualquer, onde todos esses pensamentos ruins não possam me alcançar.

Eu não desistiria, continuaria indo e indo até cruzar o oceano.

Então uma onda gigante se quebrou sobre mim e nem todo o esforço do meu corpo cansado foi o suficiente para me impedir de ser lançada com violência de volta a praia.

Meus músculos queimavam de dor, me deixando paralisada ali com o rosto na areia enquanto tossia com desespero a água salgada pra fora dos meus pulmões. Permaneci nessa posição por um longo tempo, incapaz de me mover ou respirar direito.

É engraçado como um dia ensolarado é questão de perspectiva, tantas vezes olhei para dentro e parecia estar chovendo todos os dias. E que grande desperdício estar tão triste em uma tarde tão bonita, não é mesmo?

Elevo meus olhos as alturas e peço ajuda para me manter firme, pois sinto que minha fé anda abalada.

Em determinados momentos me pego tendo certas reflexões inúteis. Não consigo me impedir de reviver as lembranças dos caminhos que me trouxeram até aqui sem me perguntar se valeram a pena. Os erros nada mais são que escolhas equivocadas, e só Deus sabe o quanto me equivoquei nessa vida. Afinal, na maioria das vezes erramos tentando acertar. Por isso evito deixar que esses ''e se'' tomem a minha mente. Me conforta o pensamento de que tudo que acontece em nossas vidas é parte de um plano maior, embora, muito raramente, em dias trágicos como este, seja difícil manter essa visão sem reclamar.

Tudo se trata de causa e consequências e, no meu caso especificamente, do quanto estas estão sendo pesadas demais.

Aos treze anos eu já tinha todo um plano de vida formado. Viver o máximo, o mais rápido possível, e morrer jovem.

Não, eu não era depressiva e queria deixar esse mundo cedo por estar sofrendo. Desde muito novinha, aprendi a amar a vida e toda dor e delicia que envolve o ato de se estar vivo.

É incalculável o número de pessoas que já passaram por essa terra, mas as que continuam sendo lembradas mesmo muitos anos após sua morte, são as que realmente fizeram alguma diferença. Isso é o que eu queria; ser lembrada. Não lembrada eternamente pela humanidade por ter mudado o mundo de alguma maneira, longe disso.

Sempre tive problemas em fazer coisas que não estava afim de fazer. O que é trágico quando você faz parte de uma sociedade e ela não é conhecida por te dar muitas escolhas. Cresci ouvindo que para alcançar o sucesso, é necessário fazer sacrifícios. Acontece que o sucesso é um ponto de vista. Dificilmente o termo bem-sucedido é associado a alguém que não possui dinheiro, posses, uma profissão bem vista ou aquilo que chamam de uma vida estável. O sucesso costuma estar relacionado com o que você tem, não ao que você é ou tem a oferecer. É difícil se deixar guiar pelo coração, ser você mesmo sem filtros e seguir os próprios sonhos com toda represália embutida que o sistema falha em tentar esconder. O esquema é quase o mesmo que o do livre arbítrio: você até pode escolher o que vai fazer, mas não escolhe o que eles querem para ver onde você vai parar. Não é atoa que dizem que o mundo é um moinho. Alcançar o sucesso significa para mim viver a vida que eu escolhi viver, sem abaixar a cabeça para o medo ou opressão. Essa é a imagem que eu queria, e ainda quero, deixar com a minha passagem por essa terra. É assim que eu quero ser lembrada.

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora