Money On My Mind

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* Em um dia qualquer no passado... 

-PARABÉNS PRA VOCÊ, NESSA DATA QUERIDA, MUITAS FELICIDADES, MUITOS ANOS DE VIDA! – Harry e Dinah estavam animadíssimos, sorridentes e usando chapeuzinhos de aniversário, cantavam e pulavam felicitando a pequena latina, que também usando o chapeuzinho, batia palmas e sorria toda feliz olhando para o bolo que a maior segurava. – AEEEW! Parabéns Mila, caralho!

-Anda! Sopra a vela e faz um pedido! – Dinah estendeu o bolo.

-Desejo o cancelamento de Teen Wolf! – Quando ia soprar a vela, uma mão a impediu.

-Não, sua retardada! Tem que ser alguma coisa pessoal! – Harry a repreendeu bravo. – E não pede mal para o meu bebe, tomara que cancelem seu Orange is the New Black!

-A droga do aniversário é meu, peço o que quiser! – Abriu um sorrisinho de lado. – E seu "bebe" é uma merda! É um insulto ao bom gosto aquilo continuar passando na televisão!

-Sua estúpida! Vou levar o bolo embora!

-Aí minha boceta, viu! A porra da vela vai apagar! – Dinah empurrou os dois com o quadril. – E parem de bater boca em cima do bolo, tá voando cuspe nessa merda! Anda logo, Camila, inferno!

-Tá, ta. – Levantou os braços, logo depois voltou a sorrir. – Desejo que mudem o nome dos Estados Unidos para Camila! –Tentou soprar, mas novamente foi impedida.

-Palhaça! – Riram – Para de graça! Tô falando sério, vai apagar.

A menor fechou os olhos, fez uma cara pensativa, seu sorriso se alargou e então finalmente soprou a vela.

-AAAEEWW! – Pularam mais. – Bora comer!

A grandona colocou o bolo em uma mesa ao lado, se serviram animados e enquanto comiam e bebiam refrigerante, permaneceram sem conversar, só fazendo graça e mostrando a língua pra câmera vez ou outra.

-A então, Mila. – Começou Harry. – Como se sente tendo quinze anos?

-Ah, até agora normal. – Deu de ombros. – Vocês acreditam que esse ano minha mãe lembrou? Até me deu presente! – Seu rosto iluminado não escondia sua felicidade.

-Sério? – Arregalaram os olhos. – E ai? Como foi? O que ela te deu? – Dispararam com interesse.

-Ela entrou no meu quarto pela manhã. O melhor: estava mais ou menos sóbria! Não muito, vomitou um pouco em mim. Pelo menos não estava conversando com a mobília como de costume. Isso é ótimo! – Contava sorrindo animada. O sorriso não foi correspondido, o olhar de seus amigos era triste. – Ela me disse que em alguma cultura eu devo estar me tornando uma adulta, por isso tinha que arrumar um emprego logo. Até se disponibilizou a me ajudar a encontrar. Não é demais? – Bateu palminhas. Seus amigos assentiram meio incertos. – Depois, me deu um maço de cigarros e um pacote de absorventes. Sei que não é lá grandes coisas, mas já é um começo, né? Ainda me deu uma pedrinha, só não entendi muito bem pra que serve. Olha! – Tirou do bolso e estendeu para que elas olhassem.

-Harry. – Chamou uma Dinah horrorizada. – Pelo amor de Deus, me diz que isso não é uma pedra de crack!

-Puta que pariu! Solta isso, garota! – Deu um tapa na mão da menor que agora tinha um rostinho tristonho. – Vou chamar meu pai!

A gravação foi cortada, agora os três se encontravam em um quarto grande, com as paredes em um azul claro e móveis bonitos de mogno. Camila estava deitada com a cabeça no colo da melhor amiga e desabafava sob o olhar preocupado dos dois:

-Eu a odeio! – Dizia nervosa entre o choro. – Tô exausta de viver mendigando o mínimo de atenção e só receber humilhação! Eu cuido daquela merda de casa e de mim mesma muito antes de ter idade para isso! Ainda sou obrigada a cozinhar e lavar cueca daqueles bostas que ela bota pra dentro de casa! Será que nem por um único maldito dia ela não podia pensar em mim? Quem dá uma pedra de crack pra filha, meu deus? Eu nem sequer fazia ideia que ela estava mexendo com isso!

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