Sweet Bitter L.A - Parte 1

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 Los Angeles. – 6:48 PM – Proximidades do Letreiro de Hollywood.

-Sai da frente, Cabello! Vou disparar a bazuca! – Saio, querida. Com o maior prazer!

Quando fiz o movimento para me virar, acabei embolando os pés e tomei um puto capote. Do jeito que cai, fiquei. Caralho, viu! Já me deram duas porradas nessa porra e até agora não entendi o que merda está acontecendo.

Alguém se ajoelhou ao meu lado e levou dois dedos ao meu ponto de pulso.

-Ela está morta. – Anunciou Keana. Revirei os olhos por trás das pálpebras. Nossa, mas ela conferiu legal, hein?

-Camila, meu amor. – Senti um carinho no meu rosto. – Prometo que a sua morte será vingada!

Quando percebi que as duas se afastaram para voltar a perseguir a outra maluca, abri os olhos e sentei para refletir sobre a situação.

Eu bebo, fumo de vez em quando, me alimento só de porcaria e não pratico exercícios. Não tenho saúde física e nem mental para acompanhar os eventos esquisitos que têm acontecido comigo nos últimos meses. Por que tudo tem que acabar em correria? Cacete, corri mais em uma única semana deste ano do que corri na minha vida inteira! E se antes eu reclamava que minha rotina era parada demais, agora posso reclamar do exato oposto.

Será que nunca mais vou ter um dia minimamente normal?

Lembrando de como o dia de hoje começou, fico tentando entender o porquê de estar terminando assim.

Los Angeles. – 9:45 AM – Hollywood Boulevard.

Eu cantarolava alegremente enquanto entupia minha pilha de panquecas de calda. São muitas panquecas e é legal observar a calda descendo lentamente até chegar ao prato. Quando finalmente consegui alaga-las, fui cortando e enfiando na boca até não aguentar mais. Queria testar quantas cabiam. Com muito esforço e concentração, consegui enfiar sete. YAAY!

Porém, a missão de engolir estava sendo muito mais difícil. Minhas bochechas estavam inchadas de comida no estilo Majin Boo, meu queixo todo lambuzado e por mais que eu mastigasse, parecia que a massa nunca ia acabar de descer.

No auge do sofrimento, um copo de suco foi colocado na minha mão. Quando olhei para frente, minha cara queimou de vergonha. Lauren me olhava horrorizada e só então me toquei da porqueira que estava fazendo no meio de uma cafeteria lotada.

-Desculpa! – Pedi envergonhada quando terminei de engolir. Por maior que seja nossa intimidade, prefiro evitar ser vista nesse estado pela pessoa que eu transo. – Me empolguei.

-Tô vendo. – Riu. – Vem aqui. – Arrastou sua cadeira até a minha e começou a me limpar com guardanapos. De algum modo, foi parar calda até na minha testa. Se não for para passar vergonha, para que sair de casa, né? Durante todo o processo, permaneci de cabeça baixa, me perguntando qual a porra do meu problema. – Pronto. – Me deu um beijinho carinhoso.

-Foi mal. Estou meio chapada.

-A essa hora da manhã? – Arregalou os olhos.

-Não chapada assim, chapada de sono. Não dormi nada essa noite e quando não durmo minha mente fica tendenciosa a ideias erradas.

-Teve insonia de novo? – Assenti. – Linda, por que não me acordou? Eu podia ter te feito companhia.

-Desculpa amor, mas você fica um nojo quando não dorme bem. A gente precisa se revezar no mau-humor para não matar uma a outra.

-É... Faz sentido. – Passou um braço por trás da minha cadeira. – Mas me conta. O que te fez perder o sono?

-Ansiedade. – Fiz uma pausa, pensando na melhor maneira de explicar. – Eu sempre fui ansiosa e tive problemas com excesso de pensamentos, principalmente quando datas importantes se aproximam. Estou acostumada a lidar com isso, mas dessa vez é diferente. Estou apavorada, Lo. – Suspiro forte. – Agora que a animação inicial passou, estou me dando conta de que um roteiro que escrevi vai ser exposto para centenas de pessoas em um festival e que não sei se estou pronta para encarar as críticas. Também não sei porquê escolheram justo o meu, ele nem é tão bom assim. Tenho certeza que as pessoas vão sair falando mal e isso está me perturbando demais. Acho que me precipitei em aceitar o prêmio. Não me sinto preparada o suficiente para ouvir alguém metendo o pau no meu trabalho sem sair correndo chorando.

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora