-NÃO! Me larga Lauren, sua desgraçada! Solta! – Eu gritava e me debatia em meio ao riso, fingindo que queria fugir do seu aperto.
Olhei ao redor e nossos amigos nos cercavam, rindo e apontando para mim as câmeras de seus celulares. A gritaria e o alvoroço aumentaram, então notei Vero e Harry a postos agitando animadamente as garrafas. Girei nos braços do meu amor, envolvendo uma de minhas pernas em sua cintura e a puxando para um beijo profundo um segundo antes de sentir o banho de champanhe gelado e a chuva de confetes explodindo sobre nós.
Não sei definir se os instantes seguintes passaram-se rápido ou devagar demais, tive um pouco das duas sensações, mas arrisco dizer que tudo ocorreu em um ritmo próprio; como se meus sentidos estivessem envenenados pela felicidade e buscassem captar cada pulsação daquele momento no compasso que o tornasse o mais memorável possível.
A euforia transbordava naquela sala. Eu a ouvia nas palmas, nas gargalhadas altas e na comemoração animada dos meus amigos. A sentia na atmosfera, no ar; como se houvesse uma magia no ambiente enfeitiçando a energia a se tornar cada vez mais alegre. E eu falava euforia com o meu corpo; no sorriso que se misturava ao beijo, nos pelos arrepiados da minha nuca e, principalmente, nas batidas energéticas do meu coração.
-Chega, né? Ninguém é obrigado a ficar vendo isso.
Ri alto do comentário de Dinah, segurando firme no rosto de Lauren para conseguir encerrar o beijo com um último longo selinho quando me senti sendo arrastada para trás. Lauren segurou minha mão e eu prendi meu olhar no seu enquanto nossos dedos deslizavam até deixarem de se tocar. Seus olhos derramavam amor, orgulho, devoção. Já os meus estavam mais desesperados. Gritavam algo do tipo: por favor, vamos ficar juntas para sempre!
-Eu vou sumir com a Jauregui pelo resto da festa se você não me der atenção agora! – Sorri para minha amiga e subi em seu colo, a abraçando pelo que devia ser a vigésima nonagésima vez no dia. – Parabéns de novo, Chancho!
-Me dá ela aqui. – Harry estendeu os braços e Dinah me passou para ele. – Estou morrendo de orgulho de você!
-Ah, para! – Minhas bochechas esquentaram de vergonha. – Nem é pra tanto.
-É sim, palhaça. – Ariana deixou um beijo carinhoso na minha testa. – Arrasou, amiga!
Nos próximos dez minutos fui sendo passada de mão em mão pelo nosso grupinho. Até a Normani fez questão de me parabenizar. Achei um exagero, afinal, a festa é para Dinah, hoje a atenção deveria ser toda direcionada a ela. Mas, confesso que fiquei muito contente por ter tantas pessoas felizes por uma conquista minha. Eu estava sentadinha no sofá, tomando um drink enquanto debochava em pensamento da letra da música que tocava como a rockeira nojenta e insuportável que sou, quando a Lauren apareceu do nada, me agarrou e saiu rodando. Entendi o motivo da agitação quando ela me entregou meu celular e me mandou ler o e-mail que havia acabado de chegar.
Era da organização do L.A Script Fest, comunicando que fui a quinta colocada no festival e que estava sendo convidada a assistir à peça produzida profissionalmente, baseada no meu roteiro, em um importante teatro de Los Angeles. Sem contar a premiação em dinheiro. Fiquei em choque! Quando fiz o script, não tinha grandes pretensões. Só queria ocupar a cabeça, jamais imaginei que pudesse obter uma colocação tão alta disputando contra centenas de escritores de todo o país em um evento de prestígio. É simplesmente surreal! Nos últimos meses coisas incríveis tem acontecido de repente e não estou sabendo lidar. É tanta sorte que começo a acreditar que tudo é possível. Como realizar meu sonho de assistir uma adaptação decente do Percy Jackson ou ver Portugal devolvendo o ouro e o Cristiano Ronaldo que eles roubaram do Brasil. Sinto que posso até me tornar a Globeleza a qualquer momento. As possibilidades são infinitas!
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Tongue Tied
Romance''Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fo...