Don't Kiss Me Goodnight

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-Estou nervosa. – Admito, erguendo o pescoço para ler o cartaz pendurado na entrada do centro cultural.

-Devia estar mesmo. – Harry concorda despreocupado, o que me faz encará-lo com uma careta. – O que? Só tô falando a verdade. Boatos que ela está puta com você.

-O quão puta?

-Muito puta.

-Ai ai, até quando estou certa me fodo, né? – Rio encabulada, ajeitando o laço do buquê de flores que carregava.

-Mila? – Segura meus ombros, abrindo um sorriso reconfortante. – Só relaxa, ok? Eu estava apenas brincando, vai dar tudo certo.

-Estou tentando, mas é difícil. – Bato os pés, agitada. – Estou prestes a sugerir um grande passo, e não ajuda em nada saber que ela está irritada comigo.

-E desde quando a Lauren fica brava de verdade com alguém? É só sorrir que ela esquece. – Passa a mão pelo meu cabelo, o arrumando.

-Mesmo assim, é diferente. – Mordo o lábio, insegura. – Estou bonita?

-Ai meu deus! – Ele começa a rir com força, me deixando estressada. Qual a porra da graça, afinal? Um pouco mais de seriedade seria ótimo! – Desculpa, desculpa! – Se controla, segurando meu rosto quando tento me afastar. – É que bateu uma nostalgia. Quando você foi falar com ela pela primeira vez, estava desse mesmo jeitinho, toda insegura e nervosa. – Acaricia minha bochecha. – É bonitinho como isso não mudou.

-Ai Hazza... Me sinto uma boba. – Choramingo, fazendo manha. – Faz tanto tempo, tanta coisa rolou para eu continuar envergonhada assim.

-Eu acho uma gracinha, significa que ainda se importa. – Tira um batom do bolso, retocando o que estava em meus lábios. – Ai ai, você cresceu tanto, Mila. – Me olha como um pai orgulhoso, o que me faz prender o riso. – Naquela noite, ninguém poderia prever a história linda que sairia daquela pouca vergonha no meio do mato. Fico muito feliz por ser o capitão desse ship, vocês são pessoas muito especiais, se merecem.

-Nem sabemos se ela vai aceitar...

-Claro que vai! Aquela ali é louca contigo. – Segura minha mão, me puxando para entrada. – Vem. Nada de pirar atoa.

-Ok. – Respiro fundo, me deixando ser guiada.

Na medida em que cruzávamos o corredor que dava para o auditório, por incrível que pareça, fui me tranquilizando ao invés do contrário. Em partes, porque gosto muito do lugar, e me faz feliz saber que uma nova etapa em nossas vidas pode começar aqui. A iniciativa de abrir o espaço partiu de Ally e Normani, mas todos contribuíram de alguma forma para que o projeto saísse do papel. É gratificante a sensação de, mesmo que só um pouquinho, poder ajudar no desenvolvimento de um trabalho tão incrível.

O outro fator que contribuiu para que eu me tranquilizasse foi o ecoar horroroso da voz de Keana. Misericórdia! Olho para Harry assustada, vendo que o maior me encarava da mesma forma. Será que essa tragédia é uma tentativa de cantar?!

Alcançamos a porta do auditório, vendo que sim, infelizmente, esse era o caso. Em cima do palco, com os olhos fechados e uma expressão de quem pensava estar arrasando, minha cunhada puxava um agudo de arder as orelhas. Puta que me pariu! Ao seu lado, Lauren tinha um sorriso orgulhoso, batia palminhas e só faltava chorar enquanto estimulava a irmã. Demorei tanto tempo refletindo sobre o porquê do ser humano se prestar a esse papel, que quando levei a mão ao bolso para puxar o celular, o show de horrores foi interrompido.

-Corta! – Ally gritou da primeira fileira, ficando de pé. Ainda com nossa presença passando despercebida, acompanhamos a baixinha se aproximar do palco com uma prancheta enquanto Keana tentava recuperar o fôlego. – Amada, eu nem sei por onde começar essa avaliação! – Sarcasmo escorria por sua voz.

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora