CAPÍTULO 7

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Mas tenho que confessar que estranhei isso dela dançar a noite. Dançar aonde? Conheço as boates de São Paulo, nenhuma tem dançarina. Ao menos que ela engane o irmão ou seja outro tipo de boate. Eu quero descobrir mais sobre ela. Sobre eles.
Fico conversando com Junior até certa hora da noite e depois volto para casa.
— demorou hoje, em?! -diz Breno logo que abro a porta.- Como foi?
— ele tem uma irmã. -me sento no sofá.- Ela dança na noite.
— prostituta?
— não. Diz ele que não. Você precisa conhecer eles, Breno. Humildes, sinceros, felizes. O Junior foi muito bem criado, por isso é do jeito que é.
— Caio, você não apaixonou na menina, né?
— não! -o encaro- Só achei estranho. Ela trabalha em uma boate em Tatuapé. Você sabe onde fica? Não me lembro de nenhuma boate que tem dançarinas.
— boate não tem dançarinas. Puteiro tem dançarinas.
— será? -olho para frente.- Acho que não.
— ela é bonita?
— muito... -ele ri.- Que foi? -o encaro.
— você não pode ver mulher bonita que fica todo idiota. -ri- Nem parece que tem 19 anos nas costas.
— é que você não viu ela. É linda.
— Caio, Caio... Cuidado com o que vai se meter.
— não vou me meter em nada. -me levanto- Só vou descobrir onde ela trabalha. Fiquei curioso. -vou para a cozinha.

VOCÊ
Pelo mesmo caminho de sempre vou até meu "trabalho". Chego e entro sem falar com ninguém. Vou direto me trocar.
— que bonitinha, chegou antes do horário. -diz Fabrício, cínico, da porta do camarim.
— sai daqui, eu vou me trocar! -digo grossa.
— como se eu não tivesse visto você nua muitas vezes. -fecha a porta e entra.
— você me obriga!
— obrigo mesmo. Porque você é desobediente! -me puxa pela cintura- Se você fosse mancinha, eu não ia precisar te obrigar a nada e você faria porque sabe que tem que fazer. -segura minhas duas mãos.
— me solta! -me debato.
— você presta atenção como você fala comigo, garota. -me encara- Você é minha e eu faço com você o que eu bem entender! -aperta meu seio. Me debato mais.- Você entendeu como o negócio aqui funciona, né? Eu dou as ordens, você só obedece. -me solta empurrando para trás.- E eu quero você só de calcinha e sutiã naquele palco. Você tem 5 minutos pra estar lá em cima. Vai logo! -sai batendo a porta.
— ah! -grito.
Que nojo que eu tenho desse cara. Que ódio que eu tenho desse lugar. Respira fundo Beatriz. Você precisa desse dinheiro. Você precisa pagar a faculdade. Você vai realizar o seu sonho!
Coloco um shorts preto brilhante bem curto, um top amarelo com vermelho que mais parecia um sutiã e um salto fino. Tomo um gole de whisky, que ficava em cima da mesa para as dançarinas beberem, e vou.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora