CAPITÚLO 24

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— não, Caio. Não tenho dinheiro pra isso. -digo mexendo em minha bolsa.
— eu pago.
— não. -olho a ele.- Você me leva e depois sai jantar, sozinho.
— o que custa deixar eu pagar?
— o que custa você me levar primeiro? E se for pra isso, pode deixar aqui mesmo porque meu ônibus não passou ainda.
— calma. -liga o carro e vai andando- Foi só um comentário.
Não respondo. Vamos conversando até umas ruas antes do Pecing.
— me deixe aqui, -digo- daqui eu vou apé.
— pra que? -estranha encostando o carro.
— se eu chegar lá em um carrão desse, aí sim que vão me explorar. -rio sem graça.- Mas aqui já está ótimo, o metrô é duas ruas a cima.
— tudo bem. -sorri me olhando.- Até mais tarde então?
— por que mais tarde? -estranho. Não iria mais ver ele por hoje.
— até mais. -sorri.
— até. -rio e desço do carro.
Caminhando  rápido vou até as portas do fundo.
— chegou cedo, tudo isso porque a noite com o cara de ontem foi boa? -diz Jorge, ao abrir a porta para eu entrar.
— nenhuma noite nesse lugar é boa! -digo seca e entro.
Não sei o porquê ele se mete tanto na minha vida, creio que não só na minha, mas sim na de todas que trabalham aqui. Vou para o camarim já começar a me arrumar. Como está cedo, capaz de conseguir uma boa quantidade de dinheiro pra arrumar aquela descarga de casa.
Vestida com a roupa da noite, começo a me maquiar.
— chegou cedo. -Fabrício entra no camarim.- To seu dinheiro de ontem. -me entrega um envelope.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora