CAPÍTULO 74

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— você pode explicar o que está acontecendo? -Caio para em minha frente. Estava encostado na parede me esperando.
— não está acontecendo nada. -tento não olhar a ele.
— a não? Então por que está fugindo de mim? Ou acha que eu não percebi?
— não está acontecendo nada, Caio. Eu só não estou me sentindo bem e quero ir para casa, posso?
Ele sai de minha frente e me deixa passar. Volto a mesa. Depois de um tempo ele volta.
— vamos! -pega a chave do carro que estava na mesa e sai andando.
Pego minha bolsa e o acompanho, em silêncio e devagar. Ele vai na frente direto ao estacionamento, provavelmente já havia pago. Parecia nervoso, irritado. Nunca o vi assim. Se apóia no carro e fica me esperando chegar. Estava sem pressa, quem estava com pressa era ele e não eu. Chego no carro.
— você pode passar na farmácia? -pergunto.
— pra que?
— pra comprar pão, óbvio. -cruzo os braços e fico olhando a ele que não me olhava.
— resolveu ficar engraçadinha agora? -vira o rosto a mim.
— pergunta besta!
— vai me dizer o que está acontecendo?
— já falei que não está acontecendo nada! Eu só não estou me sentindo bem.
— então por que está me tratando desse jeito? O que eu fiz?
Se vira a mim. Eu não sei o que dizer a ele. Não sei nem o que estou fazendo. Eu só estou ruim, realmente, e só queria ficar no meu canto, quieta.
— eu só não estou me sentindo bem. Você que se irritou.
— e a culpa é minha por acaso? Porque do jeito que você está me tratando é o que está parecendo.
— eu só estou irritada.
— o que você sente? Talvez eu possa ajudar.
— é só uma indisposição, nada demais.
Ele se aproxima. Acaricia meu rosto.
— não faz isso comigo, eu fico louco imaginando que vou te perder. -olha em meus olhos- E a última coisa que eu não quero é te perder.
Sorrio de canto, ele me puxa para um abraço. Me abraça apertado. Eu precisava daquilo.
— vamos? -me afasto.
Se ficasse mais um minuto ali iria chorar e isso é uma coisa que eu não quero. Ele afirma com a cabeça. Entramos no carro. Ele para na primeira farmácia que ve.
— fica aqui, -digo- eu já venho. -desço.
Aproveito que já estou na farmácia e pego um teste de gravidez, o mais confiável. Coloco tudo na bolsa para Caio não ver e volto ao carro. Agora vamos até em casa. Ele entra comigo.
— Beatriz? Já voltou? -Junior estava sentado na sala.
— ela não está bem. -diz Caio.- Trouxe de volta.
— o que você tem? -me olha.
— nada demais.
— ela desmaiou.
— que? -assusta.
— Caio! -olho a ele.
— ele tem que saber.
— eu já tô bem.
— você está pálida, como me diz que já está bem?
— eu vou tomar um remédio e me deitar, amanhã já estou bem. Vocês vão ver. -vou para a cozinha.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora