Estava com um certo medo de dar negativo e ele achar que tudo isso não passa de um golpe, mas eu estou grávida, eu sinto.
— vai logo, Caio! -apresso. Ele estava me deixando mais nervosa.
Ele abre, nervoso também, e lê.
— então? -pergunto.
— parabéns. -me entrega- Você vai ser mãe.
Pego e olho. Positivo. Um alívio bateu. Mesmo sabendo que esse seria o resultado e que não tinha como dar outro. Mas não entendi a reação dele. O não ter reação.
— sabia que seria esse o resultado, só fiz pra você parar de duvidar. -guardo em minha bolsa.- Vou marcar o ultrassom. -vou até a recepção.
Ele me segue calado. Parecia estar processando tudo que estava acontecendo.
— que dia é melhor pra você? -pergunto.
— qualquer dia. Pra mim tanto faz.
Então marco para uma terça feira, às 17 horas, três semanas depois. Daria tempo de sair do trabalho e ir direto, não era tão longe. Vamos para o carro.
— você parece preocupado. -digo.- Não gostou do resultado?
— achava que poderia ser tudo um engano e que daria negativo. Seria um alívio.
— então eu sou um peso?
— não! -me olha- É que minha mãe vai querer me matar.
— você não contou ainda?
— não, eu precisava confirmar. E também nem sei como fazer isso. Só quem está sabendo é o Breno.
— conta pra eles do mesmo jeito que contou para o Junior, eles vão amar. -digo irônica.
— não queria que fosse daquele jeito. -me olha.
— mas foi! Tudo isso porque você não sabe fechar uma boca.
— não sei fechar, mas eu tampava a sua de um jeito que você adorava. -me olha com malícia.
— idiota! -olho para frente- Vamos.
Ele me leva até em casa em silêncio.
— quer entrar? -pergunto quando ele para o carro em frente à casa.
— eu aceito porque preciso ir no banheiro.
Não era pra ele aceitar, perguntei por educação. Mas tudo bem, banheiro é rapidinho. Entramos. Ele vai ao banheiro e vou ao meu quarto tirar o sapato, já estava me machucando.
— arrumou a descarga. -para na porta de meu quarto.
— arrumamos. -olho a ele- Eu estava ganhando bem, deu pra arrumar bastante coisa.
Quando eu ainda estava no Pecing, era praticamente quinhentos reais por dia por causa dele, dava pra pagar a faculdade e sobrava.
— Bia... -entra no quarto e fecha a porta. Não faz isso Caio!- Você me desculpa? -vai se aproximando.- Eu não devia ter te tratado daquele jeito, nem reagido daquele jeito. Eu errei, eu sei, assumo. Eu não aguento mais te ver assim, sem poder te tocar, só sendo grossa comigo. Me desculpa? -para em minha frente olhando em meus olhos.
Desvio o olhar tentando procurar um jeito de fugir daquela situação, mas era impossível. Atrás de mim estava o guarda roupa, em minha frente ele, de um lado a parede e o único lugar que eu poderia pensar em ir é para o outro lado, mas ele seria mais rápido e me impediria.
— sai Caio.
— por favor. -se apóia no guarda roupa me prendendo. Agora não tem como sair mesmo.- Volta a me tratar normal. Me olhar normal. A ser normal. -sua boca vai se aproximando.
Meu Deus, não!
— Caio... -viro o rosto.
— volta pra mim, Beatriz. Eu sei que você quer, sei que você também sente falta. -diz baixo, próximo de minha boca.- Eu posso te fazer feliz, você sabe disso. -beija o canto de minha boca.
— Caio...
— Beatriz...
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Maquiagem Borrada - Caio Cesar
Hayran KurguAbandonados pelos pais aos 15 anos, você e Junior, seu irmão de 13, se mudaram para São Paulo em busca de uma vida nova, sozinhos, apenas com o dinheiro que os restavam. Encontraram uma casinha abandonada e se apossaram dela. Os anos foram se passan...