CAPÍTULO 87

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(...)
Acordo cedo no sábado e vou tomar um banho. Junior já estava acordado. Volto ao quarto me arrumar. Coloco uma regata branca, mais larguinha, uma calça jeans escura e uma sapatilha. Vou para a sala.
— nossa, já está aqui? -assusto ao ver Caio sentado no sofá.
— bom dia. -sorri.- Já são oito horas. -olha ao relógio.
— é muito cedo. -passo a mão no rosto.- Já tomou café, Junior?
— vou ir comprar o pão. -diz seco. Sempre que Caio aparecia ele mudava seu jeito. Ficava mais quieto e frio.- Quer alguma coisa?
— não. -sorrio.
Ele afirma com a cabeça e sai. Vou para a cozinha.
— você está bem? -Caio pergunta da porta.
— estou.
— o Junior tá estranho ainda, né?
— só quando você está perto.
— eu sou o problema?
— você sempre é o problema! -o encaro rapidamente e volto fazer o café.
— a gente pode conversar igual adultos agora?
— to ocupada!
— Bia... Eu sinto sua falta.
— sente? Sente mesmo? -olho a ele- Eu não sinto a sua, nenhum pouco.
— é mentira. Eu sei que é.
Ergo as sobrancelhas e volto a fazer o café. Óbvio que era mentira, mas não podia deixar isso claro, não agora.
— Bia, -sussurra em meu ouvido me fazendo arrepiar. Paro de fazer o que estava fazendo.-eu sei que você sente falta de mim. De tudo. -coloco a mão em minha cintura.
Respiro fundo sendo forte, resistindo. Claro que eu sentia falta dos carinhos, das conversas, tudo. Mas as coisas não são assim.
— sai Caio! -digo firme e saio de perto.- Ja falei pra você não tocar em mim. -olho a ele- Não é porque está vindo aqui em casa que tem esse direito. Você só está aqui porque Junior quer, se fosse por mim estaria bem longe! -o encaro.
Ele sai sem falar nada e volta para o sofá. Junior chega. Coloca o pão sobre a mesa e se senta, em silêncio.
— venha Caio! -chamo.
Ele vem também em silêncio e nesse clima tomamos café da manhã. Isso já está ficando chato e tudo é culpa minha. Dele. Nossa. Isso já está me irritando.
— vamos Caio! -me levanto e vou ao meu quarto.
Pego minha bolsa e volto para a sala, ele já estava na sala.
— qualquer coisa me liga. -diz ele.
— pode deixar. -sorrio- Já volto. -vou saindo.
— até mais! -diz seco e me segue.
Esse Caio é louco também. Tinha que tentar se dar bem com meu irmão, igual se davam antes e não ficar tratando assim. Não digo nada. Em silêncio vamos até o consultório da doutora Carla.
— Beatriz? -ela chama sorridente.
Me levanto e Caio me segue.
— bom dia. -digo.
— como você está? -sorri- Ele é o pai?
— é... Caio, essa é a doutora Carla.
— prazer. -estende a mão- Entrem, fiquem à vontade.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora