CAPÍTULO 76

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Dois pauzinhos. Positivo. Minhas pernas bambearam. Meu mundo desabou. 20 anos, cursando a faculdade, sem trabalho, praticamente sustentada pelo irmão, o que vai ser de mim? Chorar era a única coisa que eu conseguia. Volto ao quarto, em silêncio, tentando ficar calma, pego meu celular e vou para a cozinha, ainda com o teste na mão pra ter certeza de que aquilo era verdade. Ligo para Francielly, precisava dela. Depois de muito tocar ela atende.
— oi amiga, eu tava ocupada. -diz.
— eu... Deu po... Positivo. -gaguejo.
Ela fica um tempo em silêncio, eu não conseguia falar nada.
— você tem certeza?
— dois pauzinhos. É positivo.
— e agora? -ela pergunta como se eu soubesse a resposta. Eu que tinha que fazer essa pergunta.
— acabou. Eu consegui destruir a minha vida por puro descuido!
— Beatriz não é assim...
— é assim sim, Francielly! -começo a ficar nervosa.- Se eu não consigo nem me sustentar, vou sustentar outro alguém como?
— essa criança tem pai!
— será que tem? Quem está com essa esperança é só você.
— Beatriz? -era Caio.
Desligo o celular rapidamente. Respiro fundo e limpo as lágrimas.
— você estava falando com quem? -sinto se aproximando. Coloco à mão em cima do teste que estava sobre a mesa e tento esconder-lo- Você está chorando?
Limpo as lágrimas rapidamente e me viro a ele com as mãos para trás.
— você tem que ir embora!
— não vou! -responde rapidamente.- Eu quero saber com quem você estava falando.
— não interessa. Agora sai, por favor.
— eu não saio daqui enquanto você não me falar o que está acontecendo? Com quem você estava falando? Por que você está me tratando assim? Da pra você me explicar tudo? -Diz grosso.- Me da o que você tem na sua mão. -estende a mão esperando com que eu o de.
— não vou dar nada, sai daqui.
— você tem outro!
— que outro, Caio?
— me dá!
— você está parecendo criança!
— você está parecendo criança! Pra que ficar me escondendo as coisas? Se não quer mais é só falar, eu vou entender. Mas não, prefere ficar toda estranha. Ou acha que eu não percebi que é por minha causa? Você já foi melhor!
— então vai procurar alguém melhor!
Eu falava com raiva. Raiva de mim, dele, do que estava acontecendo, do que a gente fez. Raiva de tudo.
— me da o que você tem na sua mão!
— você quer o que tem na minha mão? Então tome. -coloco o teste em sua mão.- Seja feliz com ele! Quer saber porque estou assim também? Então eu te digo: eu estou grávida, Caio!
Ele fica olhando ao teste como se tivesse processando tudo isso. Volta a me olhar.
— é meu?
— não! É do outro.
— eu tô falando sério! -me encara.
— com quem eu saio toda noite, Caio?
— por que você não se cuidou? -parecia não acreditar.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora