CAPÍTULO 83

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•• VOCÊ ••
Estava adorando meu novo emprego. Não era nada difícil e nem complicado. Eu só tinha que organizar as causas e repassar para as secretárias dos advogados. As ligações ficavam por minha conta também. No Pecing eu ganhava mais que lá, mas eu estou feliz. Entro às 8h da manhã e saio as 16h da tarde. Está tudo indo tão bem que eu nem acredito. Descemos do onibus e vamos conversando até a rua de casa. Por mais que estivéssemos trabalhando no mesmo lugar, sempre tinhamos o que conversar.
— não briga com ele. -ela fala do nada.
— com quem? -rio- Tá louca?
— vocês precisam conversar, ouça o que ele tem pra falar.
Olho para onde ela olhava. Audi branco na frente de casa. Não acredito que ele está aqui. Por um instante sorri, mas logo fiquei seria novamente. Depois de uma semana ele me procura?
— tchau amiga. -me da um abraço- Escuta o que ele tem pra falar. -fala em meu ouvido.
Sorri para Caio e entra. Respiro fundo e vou. Ele estava encostado no carro nos olhando.
— o que você quer? -digo seca.
— pra você. -estende um braço com um buquê de rosas e uma caixa de chocolates.- Como pedido de desculpas.
— desculpas? -cruzo os braços- Você acha que é fácil assim? Me poupe Caio.
— eu errei, eu sei, mas aceita. -fico encarando. Como conseguia ser tão cínico?- Por favor.
Pego de sua mão e me viro já procurando a chave pra destrancar o portão.
— a gente precisa conversar. -pega em meu braço.
— não encosta! -puxo.
— o Junior me disse que você parou com a faculdade. Foi por causa do bebê? Não precisa Beatriz, eu vou te ajudar.
— você acha que eu quero ajuda sua? -olho a ele.- Eu sempre fui independente, não vai ser agora que vou precisar de alguém pra me sustentar.
— eu quero ajudar, o filho é meu também.
— não! O filho é de outro, esqueceu?
— eu falei sem pensar...
— eu fiquei com você sem pensar, olha só o que deu. -ergo as sobrancelhas.
— eu sei que eu errei, mas agora a bosta ja ta feita e...
— bosta não! -interrompo- Bosta é você que põem uma criança no mundo e depois não quer assumir, meu filho não.
— eu quero assumir! -nao digo nada, volto a mexer no portão ate conseguir abrir.- Por que você não falou para o Junior sobre a gravidez?
— não é pra falar nada pra ele, ouviu?! -olho a ele, irritada.
— podemos conversar?
— não! Você pode ir embora, por favor?
— você parou de dançar... Está trabalhando onde?
— não te interessa. Agora sai, você já está me irritando!
— Beatriz, vamos ter um filho! -começa a se alterar.
— não. Eu vou ter um filho, você não.
Ele respira fundo e passa a mão no rosto.
— eu só quero conversar.
— e eu só quero chegar em casa, posso?
— me convida pra entrar? Vai ser rápido, eu prometo.
— fala! -cruzo os braços e encosto no portão.
— aqui?
— aqui.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora