Encosto a cabeça no vidro e ali fico pensando em tudo que aconteceu. Percebo lágrimas escorrem em meu rosto, mas nem ligo, talvez fosse isso que eu estava precisando. Chorar para que as mágoas fossem embora.
— eu to com você. -pega em minha mão.
Ele me passava segurança e confiança, mas naquele momento não era isso que eu queria. Eu só queria chorar pra que tudo isso passasse, não sei se adianta, mas não custa nada tentar.
Sorrio de canto. Ele acelera e em pouco tempo chegamos em sua casa. Era grande, quase umas vinte da minha. Um lugar bem arrumado e bem cuidado.
— é, meus pais não estão. Pode ficar à vontade. Quer comer alguma coisa?
— não. Eu só queria tomar um banho, pode ser?
— vem, vou te levar para o meu quarto pra não correr o risco de alguém chegar.
O sigo sem dizer nada, não queria conversar, não queria fazer nada. Ele me leva ate o quarto dele. Era no andar de cima, a terceira porta. Grande e fresco.
— você pode ficar à vontade, eu vou descer comer algo porque estou morto de fome. Mas qualquer coisa é só gritar que eu subo aqui. A toalha está no armário do banheiro e se você quiser alguma roupa, tem ali na primeira porta. -aponta- São pijamas, então pode pegar qualquer um. Sinta-se em casa.
— obrigada. -sorrio.
Ele sorri e sai. Abro o guarda roupa onde ele falou e pego uma blusa e uma calça, vou para o banheiro.
Tomo um banho um pouco demorado, choro, penso e saio. Estava mais calma, mas ainda em choque. Coloco à roupa que havia ficado enorme em mim, mas dou um nó na cintura da calça masculina fazendo com que ela fique de um tamanho bom. Saio do banheiro.
— o que é isso? -pergunto ao ver ele sentado com uma bandeja com bolachas, suco, bolo e frutas.
— você precisa comer, então trouxe comida. -sorri- E não adianta falar que não quer, você vai comer! E esse bolo é especialidade da minha mãe, você nunca comeu um igual, eu tenho certeza.
— aí Caio. -rio- Você não tem igual mesmo. -sorrio.
Ele sorri. Me sento e como um pedaço do bolo, estava muito bom.
— pronto senhor Caio, estou alimentada. -digo um pouco mais animada.
— ótimo senhorita, e agora você quer o que?
— descansar. Dormir.
— é... Então eu vou arrumar tudo aqui pra você e ja te deixo.
— pra que? -olho a ele.- Não vai dormir aqui?
— posso?
— aí Caio, que frescura. É claro que pode! Você é meu... Meu... -não sabia o que dizer. Nunca falamos sobre isso, não sei o que somos.
— namorado? -olha em meus olhos- Você quer namorar comigo?
— namorar? -sorrio. Ele afirma com a cabeça.- Claro que eu quero.
Ele sorri e me dá um beijo. Agora me bate uma sensação boa, um alívio. Tinha medo de perder ele, mesmo não tendo nada fixo, depois de tudo que aconteceu eu não queria mais ficar sem ele.
— vou pegar um cobertor pra gente.
Afirmo com a cabeça. Ele coloca a bandeja ao lado e pega a coberta. Nos deitamos. Me abraça formando a conchinha. Ficamos em silêncio, escuto sua respiração. Eu estava ruim, mas com ele ali estava segura, me sentia segura. Ele me traz uma paz que só ele tem. E...
— Caio... -digo.
— hum? -resmunga.
— eu... Te amo.
— eu também meu amor, dorme bem. -se ajeita.
Fecho os olhos mais aliviada e ali durmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maquiagem Borrada - Caio Cesar
FanfictionAbandonados pelos pais aos 15 anos, você e Junior, seu irmão de 13, se mudaram para São Paulo em busca de uma vida nova, sozinhos, apenas com o dinheiro que os restavam. Encontraram uma casinha abandonada e se apossaram dela. Os anos foram se passan...