CAPÍTULO 89

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— vocês precisam se entender. -Diz Junior, calmo como sempre.
— e você super se entende com ele, né?
— mas meu caso é diferente.
— diferente nada!
— tá bom Bia. Agora eu preciso ir, acho que não volto para o almoço. Você fica bem sozinha?
— chamo a Fran pra ficar comigo, pode ir.
— sem o Caio em casa, ouviu?
— isso você não precisava nem pedir, né!
Ele ri e desliga. Entramos em uma lanchonete próxima do consultório. Peço algo para comer e me sento.
— você não quer nada mesmo? -pergunto.
— não estou com fome. -diz seco.
Não digo mais nada. Se não quer comer, que nao coma. Ninguém é criança aqui. Como.
— moço, o que é aquele negócio amarelo? -pergunto olhando ao balcão.
— é como se fosse uma torta holandesa só que de maracujá.
— e é boa? Quanto custa?
— o potinho é oito, o pedaço é cinco.
— tudo isso? Muito caro.
— ela é boa, vale a pena. Vai querer uma?
— não, não. Obrigada. -sorrio.
— você não pode passar vontade. Pega uma. -diz Caio. Resolveu falar.
— não estou com vontade, só queria saber o que era.
— me vê uma. -ele pede.
— eu não quero, Caio!
— quem disse que é pra você?
Nao respondo. O homem traz a torta para ele. Ela era amarela, enfeitada com os caroços do maracujá. Começa a comer.
— quer um pedaço? Só pra experimentar. -me olha.- Prova. -pega um pedaço e coloca em minha boca. Como. -Gostou?
— é boa.
— quer uma? Eu pego.
— não precisa.
— fica com a minha, eu peço outra pra mim.
Deixo que ele pegue outra torta e como a dele. Ficamos mais um tempo ali e vamos para o balcão pagar. Vou pegar minha carteira quando ele segura minha mão.
— eu pago. -diz.
— não...
— eu pago. -reforça- Você não vai deixar eu pagar a consulta, então deixa eu pagar isso pelo menos.
Ele estava certo, eu não ia deixar. Então tudo bem, aceito. Ele compra uma torta de pote e saímos, voltamos para o consultório.
— o que o Junior queria? -pergunta enquanto esperávamos o resultado do exame sair.
— só ligou pra avisar que vai sair. Ele anda saindo bastante, deve estar com namoradinha. -rio tentando descontrair.
— e você vai ficar sozinha? Você não pode ficar sozinha.
— por que não? Estou grávida Caio, não doente.
— pode acontecer alguma coisa.
— não vai acontecer nada, -rio- pode ficar despreocupado.
— Beatriz. -a enfermeira chama.
Vou até ela, Caio me acompanha.
— o exame ficou pronto antes da hora. -me entrega um envelope lacrado.
Na hora me bateu um nervosismo, um medo de ser tudo uma fantasia da minha cabeça e eu não estar grávida coisa nenhuma. Mas não, eu estou!
— Obrigada. -digo a ela me afastando.- Abra. -respiro fundo e entrego a ele.
— voce tem certeza? -pega de minha mão.
— abra. -sorrio nervosa.
Ele sorri e abre.

Maquiagem Borrada - Caio CesarOnde histórias criam vida. Descubra agora