Maquiagem Borrada - Caio Cesar

CAPÍTULO 17

— se eu saio como "prostituta" sempre? -faço aspas com os dedos.- Só quando pagam muito bem. Você deve ter pago muito bem pra ter conseguido dobrar o Fabrício, porque hoje ele estava o bicho.
— Fabrício é o...?
— dono. -afirmo- Aquele que me levou até você e que, provavelmente, recebeu o dinheiro.
— e você não é virgem, né? -balanço a cabeça dizendo que não.- Perdeu com esses caras?
— você não acha que está querendo saber demais da minha vida? Minha vida íntima.
— desculpa. -se levanta.- Acho melhor irmos. Te levo pra casa?
— para o Pecing. -lugar onde danço.
— mas eu te comprei pela noite. Você não precisa voltar.
— eu preciso pegar minhas coisas. -me levanto.
— tá, mas eu vou te esperar lá. Você pega e depois te levo embora. Está tarde, é perigoso uma moça como você andando sozinha.
— uma moça como eu? -rio pelo nariz.
— linda.
Olho a ele. Não entendo. Ele pagou uma furtuna pra me tirar daquele lugar, depois me diz que quer só conversar e agora me chama de linda. O que ele quer?
— vamos. -abro a porta.
Ele segura em minha mão. Olho a ele.
— você me fez pensar diferente. Me fez enxergar de outra maneira. Obrigado, de verdade.
Sorrio.
— vamos. -puxo minha mão e vou saindo.