Maquiagem Borrada - Caio Cesar

CAPÍTULO 79

— mas custou tanto pra você passar nessa faculdade, vai largar desse jeito?
— custou, mas eu preciso viver também. Eu preciso de um emprego pra conseguir pagar ela, se eu não tenho um não posso ter o outro. E já ta decido! A Fran me falou que estão contratando no escritório dela, vou lá amanhã e se tudo der certo ja terei um emprego. Vai dar tudo certo.
— por que você não fala com o Caio?
— falar o que?
— pede um emprego. Ele é dono, pode te colocar dentro da empresa em uma boa posição.
— não, não quero nada do Caio!
— vocês brigaram?
— eu só não quero nada dele, tá? Eu vou me trocar porque já está esfriando e já faço a janta pra gente.
Ele afirma com a cabeça e volta a assistir. Foi mais fácil do que eu esperava. Mas ele tinha que lembrar de Caio.
•• CAIO ••
Irritado. É como eu estava nos últimos dias. Hoje faz uma semana que tudo aconteceu, que a bomba caiu em minha cabeça. Não sei se fiz certo em ter saído daquele jeito, mas um filho... Eu não esperava. De lá pra cá eu estou muito irritado. Talvez pelo jeito em que acabou, pelo jeito que me deu a notícia. Não sei.  Nesses últimos dias eu não apareci na empresa, não queria ver Junior. Eles são muito parecidos e eu não quero lembrar dela. Também não falei para ninguém o que aconteceu, o que está acontecendo.
— vai no Paris 6 com a gente? - Breno entra em meu quarto falando.
— não quero. -estava deitado mexendo no celular.
— cara, o que tá acontecendo?
— nada. Tô normal.
— você é meu irmão, acha que me engana? Fala logo, o que aconteceu? É a Beatriz, né? Terminaram? O que vocês fizeram?
— um filho. -digo sem pensar olhando para o celular.
— que? -ri- Tá brincando, né?
— não. -olho a ele- Ela tá grávida.
Ele se senta.
— cara... Meu... Eu vou ter um sobrinho? -sorri.
— você ta feliz com isso? Eu tenho só dezenove anos, Breno.
— pelo que você me falou, ela também!
— mas é diferente... -volto a mexer no celular.
— por que é diferente, Caio? Os dois tem a mesma idade, os dois fizeram juntos, o filho é dos dois. Não tem diferença nenhuma.
— ela é... -nao termino. O que estou dizendo?
— pobre, Caio? Foi essa a educação que a mãe deu pra gente? Somos todos iguais. Todos lutando pra ter uma vida. Nós só temos o que temos por causa do vô, você sabe disso!
— não ia dizer isso.