Maquiagem Borrada - Caio Cesar

CAPÍTULO 32

— tá, o que você veio fazer aqui de novo? -pergunto ao escutar o portão bater.
— trazer seu irmão, já falei.
— aham, tá bom. -me sento- Atravessou São Paulo pra isso? Caio, Caio.
— parece o Breno falando. -ri.
— quem é Breno?
— meu irmão.
— ah... -ligo a televisão.
Consigo conversar com ele longe daqui, no motel ou em qualquer outro lugar, mas aqui eu não me sinto bem. Talvez por ser um lugar onde ele não está acostumado, ou por ter percebido como ele olhou quando entrou pela primeira vez. Não sei.
— fiquei pensando nessa noite o dia inteiro. -diz ele puxando assunto.
— que noite? -o olho.
— de ontem, hoje. Dessa madrugada.
— voltei muito tarde hoje.
— desculpa. -ri- Mas eu também não reparei no tempo. Você faz meu tempo parar. -me olha.
Pra que falar desse jeito? Me deixa totalmente sem graça.
— você não é tão mala como eu imaginava.
— você me achava mala? -franze o senho. Rio.
— você entrou na minha casa olhando em tudo. Jurava que você era a pessoa mais metida do mundo.
— agora não sou mais, né?!
— não. -rio- Agora você é legalzinho, mas ainda é estranho.
— por que?
— não fala porque vem aqui.
— eu já falei.
— mas não me convenceu.
— você quer saber a verdade então? -me olha.
— quero! -o encaro.
Ele se levanta e vem até mim, sentando ao meu lado. Me olha.
— eu venho te ver, sempre. -coloca uma mexa do meu cabelo atrás de minha orelha- Desde ontem, daquele beijo, só tenho vontade de te beijar.