Verdade

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Sentiu um cheiro diferente vindo do local onde estava, aspirou-o com um pouco de dificuldade e concluiu que definitivamente esse não era o cheiro do aromatizante do hotel onde estava hospedado com Jiraiya. Tentou mexer o braço direito com dificuldade, era como se seus músculos estivessem dormentes e todos seus pontos de chakra tivessem sido bloqueados.

Gemeu de dor quando conseguiu finalmente flexionar o braço em um ângulo de noventa graus, fez um esforço maior e tocou com a ponta dos dedos em seu olho. Sentiu um pano deveras grosso acima de seu olho esquerdo, que estranhamente estava ardendo. Até que lembrou de que esse era o mesmo olho que foi atingido no acidente com o Ero-Sennin. O que o levou a outra dúvida.

Onde estava?

Grunhiu irritado e se sentou na cama de colchão frio. Abriu os olhos com uma dificuldade absurda e confirmou sua teoria quando percebeu que só enxergava com o lado direito. Suspirou e abriu a roupa esverdeada de hospital, viu uma enorme faixa branca de gaze cobrindo seu estômago e a tirou rapidamente. Ficou aliviado quando viu o selo da Kyuubi praticamente intacto. Estava a salvo.

Observou o lugar onde estava e definitivamente não era um hospital. As paredes tinham a personificação de rochas escuras, juntamente com o chão de concreto, sendo a única luz vinda da enorme janela de vidro fosco e um abajur pequeno no criado-mudo. Havia também um ramo de lírios brancos – seus favoritos – dentro de um pote cheio d'água, pelo estado das flores, que lembrava terem sido trazidas por Sakura antes de desmaiar pela última vez, deveria estar adormecido a uns dois ou três dias.

Coçou o queixo. Aquele não era o hospital de Konoha nem fodendo, e não haviam aparelhos médicos de grande porte além do básico: um quadro de batimentos cardíacos, um porta-soros e uma caralhada de fios em seu braço esquerdo. Tirando isso, mais nada que fosse de uso profissional.

Que raios de lugar era aquele? E porque tinha sido levado para lá?

Ouviu a enorme porta de ferro ser aberta num chiado irritante e de lá sair a pior pessoa possível. Os cabelos morenos presos no rabo de cavalo baixo, com alguns fios rebeldes caindo graciosamente pela tez branca, os olhos escuros observando-o intensamente, como se pudessem ler sua alma, e as duas marquinhas na cara. Uchiha Itachi, irmão mais velho de Sasuke e o dizimador do clã Uchiha.

– I-Itachi? – perguntou, incerto. Seria uma miragem?

– Boa noite, Naruto-kun. – respondeu com a voz rouca. – Trouxe seu jantar, coma, está dormindo a dois dias, suponho que esteja com fome.

Naruto reparou que o assassino Uchiha carregava consigo uma bandeja de prata recheada de aperitivos, como bolinhos de arroz, pães, suco de goiaba e o principal: o delicioso rámen de porco, que esfumaça com aquele cheiro apetitoso. Sentiu a boca salivar, mas balançou a cabeça. Não podia cair em tentação, não para um integrante da Akatsuki.

– Não estou com fome. – retrucou.

Porém seu estômago resolveu pregar-lhe uma peça e apenas ouviu o ressoar de seu ronco faminto pelo cômodo. Fez um bico irritado e Itachi deu uma risada vitoriosa. O moreno se aproximou e colocou a bandeja delicadamente sobre seu colo, logo após se sentou na cadeira que havia do lado de sua cama e o observou comer em silêncio.

Naruto mordia lentamente um oniguiri quando se virou bruscamente para Itachi. Precisava de respostas.

– Onde estou? – perguntou, direto, dando mais uma mordida no bolinho.

Itachi ajeitou-se na cadeira, previa que o Uzumaki fosse perguntá-lo algo. Era hora de pôr o plano de Pain em ação.

– Na enfermaria do atual esconderijo da Akatsuki. – viu o rosto de Naruto ficar pálido de medo e continuou. – Não se preocupe, no momento nós não somos nenhuma ameaça. Estamos aqui para te ajudar.

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