ID - Convencer

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Olhava para a parede de rochas escuras com o olhar gélido e distante. Ouvia o barulho das gotas gordas de água batendo no vidro fosco da pequena janela do quarto. Deitado com as pernas jogadas na cama, os cabelos desgrenhados e as cobertas desarrumadas, Deidara tentava entender a situação onde se encontrava.

Há mais ou menos uma semana atrás, no mesmo dia do término do ritual para selar o Shukaku, Deidara tinha se distanciado de Naruto. Na batalha contra Kakashi, ele havia tido seu braço direito levado por um estranho doujutsu espaço-tempo – maldito sharingan – e teve que procurar pelo seu braço, que era onde estava seu anel da Akatsuki.

Achou o dito cujo embrenhado no meio dum arbusto de folhas pequenas e o guardou dentro do casaco. Iria pedir educadamente, lê-se ameaçar de morte, para que Kakuzu costurasse seu braço sem cobrar nenhum centavo, como forma de amizade, coisa que eles definitivamente não possuíam.

Se parar para pensar, o único amigo que Deidara tinha, tirando Naruto, era Sasori. O Akasuna era seu fiel parceiro para todas as horas, as quais passavam a maior parte do tempo discutindo sobre "a verdadeira arte".

Contudo, apesar de tanto brigar com aquele danna impaciente, Deidara tinha conhecimento da força de Sasori e até o achava superior, daí o porquê de chamá-lo de "Sasori-sama" e de vangloriá-lo às vezes.

Deidara não sabia o que faria no mundo se nunca mais visse Sasori. Com quem iria discutir sobre arte? Com quem faria a dupla perfeita? Quem poderia chamar de amigo, de parceiro?

Ele definitivamente não estava pronto para a próxima cena.

– Dei-nii!

Virou-se e sorriu para Naruto. Era bom saber que o loiro estava sem nenhum ferimento ou sequela, mas aquela expressão de tristeza e mágoa era o que preocupava Deidara.

– Hey, Naru-chan, o que aconteceu, hn?

– Promete que não vai surtar, dattebayo? – coçou a nuca.

Deidara engoliu em seco. Percebeu ao longo do tempo que coçar a nuca e dizer "dattebayo" eram claros sinais de nervosismo para Naruto. O que diabos aconteceu para o Uzumaki agir daquela forma estranha?

– O que foi, Naru-chan? – preocupou-se. – Diga logo, sabe que o Danna odeia esperar, hn.

– Sobre o Sasori... eh, Dei-nii. – embolou-se com as palavras. – Sabe, é que... – brincou com os dedos.

– Desembuche logo, Naruto! – mexeu em seu ombro. – O que está acontecendo? Tô ficando preocupado de verdade, hn.

Naruto olhou-o nos olhos e abraçou-o com força. Deidara arregalou os olhos e retribuiu o aperto após poucos segundos. Sentiu a parte detrás de seu manto ficar úmida e preocupou-se ainda mais. O Uzumaki quase nunca chorava, nem quando foi obrigado a entrar na organização, então porque derramava tantas lágrimas?

– Sasori está morto.

Lembrou-se de soltar Naruto de forma brusca e criar um pássaro de argila com rapidez, pular rapidamente encima da ave e fazer um sinal para que o loiro subisse. Voou em silêncio até Amegakure, pousou nas redondezas e passou na frente de todos com a cara indiferente. Entrou no quarto, trancou a porta e chorou. Chorou. E chorou.

Ouvir Naruto explicar detalhadamente tudo o que havia acontecido naquela manhã o fez ficar ainda mais emocionado. Saber que Sasori havia morrido pelas próprias marionetes o faz dar um sorriso desgrenhado, afinal o ruivo morreu fazendo parte de uma arte.

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