Dormir

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Era uma noite fria e sombria como qualquer outra. Passava a faixa delicadamente pelas feridas abertas na pele pálida, tomando cuidado para não ocasionar hemorragia. Apertou um nó e respirou fundo. Olhou para os ônix de Sasuke, que pareciam focar num lugar desconhecido no horizonte.

– O que vai acontecer com eles?

– Eles quem? – olhou-o interrogativo.

Naruto mordeu o lábio inferior e fechou seu kit de primeiros socorros.

– Você sabe, Suigetsu, Juugo e Karin. Eles dois acabaram sumindo em Tetsu no Kuni e Karin está mantida presa em Konoha. – suspirou. – Vai salvá-los?

– Não. – disse seco. – Eles não me servem mais. Se foram pegos como reféns, a culpa é deles por serem idiotas.

Balançou a cabeça negativamente e tirou o manto estampado de nuvens. Dobrou-o e o colocou num canto do quarto de hotel onde estava hospedado com o moreno. Sentou ao seu lado na mureta da janela e olhou para a lua.

– Eles eram seus companheiros, deveria ter um pouco de compaixão, Sasuke.

– Que seja. – deu de ombros. – Companheiros ou não, eles se deixaram serem pegos, não vou perder meu tempo com quem não o vale.

– Você quem sabe. – respondeu. – Qual vai ser seu próximo objetivo?

Sasuke dobrou os joelhos e apoiou a cabeça encima dos cotovelos. Olhou de canto de olho para Naruto, que parecia distraído observando a lua escondida entre a nuvens. Parecia tão em paz naquele momento que teve vontade de agarrá-lo e não o soltar mais.

– Konoha. – endireitou a coluna. – Vou destruí-la.

– Não adiantaria. – riu. – Konoha ainda está com sequelas da luta contra Pain, não acha que deveria agir quando ela estivesse mais estabilizada?

– Com ela desestabilizada eu teria mais chances de vencer, não acha? – debochou.

– Acho que você é forte e orgulhoso o bastante para saber que venceria, teme, independentemente se Konoha estivesse caindo aos pedaços ou não.

Mordeu a parte interior de sua bochecha. Claro que venceria, afinal ele era um Uchiha, e os Uchihas não perdiam nunca. Sasuke destroçaria aquela vila infiel com seus punhos, a faria sentir um terço da dor que teve naquele fatídico massacre ao seu clã, tudo por culpa de malditos que queriam destruir Konoha e pelo coração mole de Itachi.

– Você tem razão, dobe. – concordou. – Por que salvou Sakura? – perguntou novamente.

– Não sei. – revelou. – Eu meio que me mexi no automático, eu não suportaria ver meus companheiros de time se matando assim.

– E por causa dela você foi atingido por aquele veneno. E se não soubesse o básico do ninjutsu médico? Estaria morto, não sabe, seu Usuratonkachi?! – deu um soco em sua cabeça.

Naruto gritou pela dor e massageou o galo que se formou em sua cabeça.

– ITAI, teme! – reclamou. – Eu sei, eu sei. Mas sabe que não importa quanto tempo passe, eu sempre serei aquele garoto impulsivo e cabeça oca, não precisa se preocupar comigo.

– Eu não disse que me preocupava, baka. – virou o rosto, corado.

– Jura? – riu baixo. – Então olhe nos meus olhos e responda.

Naruto segurou o queixo de Sasuke e forçou-o a olhar para si. Perdeu-se na imensidão que era a de seus olhos escuros e notou em como eles pareciam azuis sobre o brilho da lua. A tez branca se misturou no rosado de suas bochechas e o loiro tocou com os lábios na ponta do nariz do moreno.

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