ID - Pássaros

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O ar rarefeito circulava por aquela pequena sala repleta por esculturas de argila de formatos diversos de pássaros, vasos ornamentais e estatuetas inspiradas em seres humanos. Deidara cantarolava uma música baixinho enquanto terminava os últimos detalhes de sua obra-prima.

Sorriu para a figura em tamanho real de Itachi. Apesar da argila ser um material argiloso e duro, era facilmente modelável por alguém habilidoso – como Deidara, claro –, e com o auxílio de pequenas espátulas, o Nakaiama conseguira fazer todos os mínimos detalhes do Uchiha, o que inclui as suas sensuais marcas de expressão e os tomoe do sharingan ativo.

Olhou de canto de olho para o calendário pregado na parede de cor azulada e sorriu triste. Hoje era dia cinco de maio, também conhecido como dia de seu aniversário de dezenove anos. Mas apesar de estar se tornando mais velho, Deidara não se sentia nem um pouco contente.

Deidara não se lembrava da última vez que havia comemorado seu aniversário, talvez fosse quando tinha um ano, pouco tempo após ser acolhido pelo Tsuchikage, ou quando tinha catorze anos, dias antes de trair a vila e sumir dos olhares do conselho de Iwagakure.

A única certeza que tinha era que aquele dia era amaldiçoado porque sua mãe havia falecido naquele mesmo dia, mesma hora, e tudo por culpa dele.

O loiro não se lembrava de nada de sua família, a única coisa que recordara e do par de olhos azulados de seu pai. Lembrou-se também que, depois daquele olhar, ele dormiu e quando acordou o seu pai não estava mais lá. Ouviu também o barulho dos explosivos e viu o chão se corroendo. Chorou muito e desmaiou.

Quando Deidara acordou, a única coisa que sabia era que havia sido acolhido pelo Tsuchikage, tinha cinco meses, seu nome era Nakaiama Deidara e que ele era o assassino do dia cinco de maio.

Na verdade, nunca o chamaram de assassino, mas ele preferiu se ver assim. Afinal tinha acabado com a vida de uma inocente, era um imprestável mesmo sendo um bebê. E seu pai, que parecia tão jovem com seus olhos cor de safira, tinha morrido explodido com a própria argila.

Deidara se decidiu que iria treinar e ficaria perito na arte Bakuton para que não morresse cedo, queria ter uma família, filhos e pássaros – de argila – espalhados pela casa. E se fosse para morrer, iria se tornar uma arte única, que ninguém mais poderia imitá-lo, e assim morreria com honra.

– Que dia horrível, hn. – suspirou.

Saiu de sua sala e a trancou duas vezes com a chave, colocando um papel de selamento na fechadura. Ele odiava que mexessem em suas coisas, principalmente se fossem a sua arte magnífica.

Desceu pelas escadas espirais, já que seu ateliê ficava no último andar da sede, e entrou na cozinha. Não havia ninguém ali. Kisame, Tobi e Zetsu tinham saído faz poucos minutos para comprar mais comida; Pain-dono e Konan deveriam estar se pegando por aí; Naruto deveria estar treinando junto com Itachi. Resumindo, ele estava sozinho.

Enquanto tinha o único par de ovos, sobras de pedaços cortados de bacon e uma lasca de margarina da geladeira de duas portas, Deidara tentava por seus pensamentos em ordem. Decidiu que não comemoraria, como sempre, afinal não fazia diferença. Ninguém sabia quando era seu aniversário.

Os membros da Akatsuki sabiam de seu passado e decidiram não fazer mais perguntas quando Deidara afirmou não saber que dia nascera – havia mentido, óbvio – e ele mesmo insistiu que não queria festa nenhuma. Kakuzu achou até bom, assim gastariam menos dinheiro.

Sasori no Danna era o único que sabia que dia o Nakaiama havia nascido depois de muito esforço, e sempre fazia questão de fazer um cupcake para comemorar com Deidara. Era por esse e mais motivos que o ruivo era seu melhor amigo, confiava nele para tudo, e por isso se sentiu sem chão quando ele morreu.

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