Proteger

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Os corpos derrotados se encontravam estirados ao chão. Nenhum dos cinco Kages conseguia encontrar forças em meio àquela luta exaustiva. À frente, vinte e cinco clones de Madara com seu Susano’o azul estavam de braços cruzados e o verdadeiro deles dava um largo sorriso maníaco.

– Foi decepcionante. – estalou a língua no céu da boca. – Como pode eu ganhar de cinco Kages e ter morrido para apenas um?

Madara mesmo tinha a resposta: porque era Hashirama. Sua história com o falecido Shodai Hokage era centrada entre amizade, competições e os primórdios da guerra entre Uchiha e Senju. Era uma relação proibida a que eles mantinham, mas isso fazia o ter ainda mais vontade deles continuarem se encontrando todos os dias.

Até que seu pai, Uchiha Tajima, acabou descobrindo que ele mantinha contado com o sucessor dos Senju, clã o qual era permanentemente inimigo. Na verdade, nem Madara mesmo sabia que Hashirama era Senju, assim como o castanho não sabia que ele era um Uchiha. Não é seguro dizer seu sobrenome para o primeiro estranho que você vê, principalmente se este for um shinobi.

Acabou sendo obrigado a ter outro encontro com Hashirama com o único irmão vivo de seus cinco irmãos, Uchiha Izuna, e Tajima em seu encalço. Quando chegou lá, ele e o Senju trocaram mensagens em pedras que continham as mesmas palavras: Armadilha, fuja!

Depois daquilo, Madara e Hashirama se isolaram um do outro e passaram a se encontrar apenas no campo de batalha, trocando palavras através dos golpes fortes de seus pulsos na pele cansada. O Senju sempre tentou abrir os seus olhos e fazê-lo se unir a uma aliança, assim como sonhavam quando melhores, mas o moreno estava cego pelo ódio. Pelo ódio do clã que matara sua família, inclusive Izuna.

Ninguém nunca saberia da raiva que circulava seu fluxo de chakra quando o irmão morreu em seus braços, com o peito sangrando pelo golpe bem dado de Senju Tobirama, o maldito irmão de Hashirama, e sem ambos os olhos. Naquele momento, solitário, desemparado e abandonado pelo próprio clã que preferiu se aliar aos Senju, Madara adquiriu o Eternal Mangekyou Sharingan.

Pouco tempo depois, em mais uma luta entre os clãs, Madara finalmente se entregou ao sonho infantil e quase impossível de Hashirama. Em poucos anos, nasceu o que chamavam de Konohagakure no Sato, a vila que nasceu da amizade entre dois inimigos.

Foi difícil conviver com Hashirama ao seu lado por vinte e quatro horas seguidas e não ter a vontade avassaladora de se jogar em seus braços, enfiar seus dedos nos longos cabelos brilhosos e tomar sua boca com a própria. E piorou ainda mais quando o Senju conheceu aquela vadia ruiva, Uzumaki Mito.

Madara simplesmente odiava aquela ruiva aguada. Mito apareceu do nada e roubou seu melhor amigo, conquistou seu coração de ouro e um tempo depois se casaram e tiveram filhos; enquanto ele, cercado pelas trevas, decaiu num poço de solidão e desilusão. Sentiu-se tolo por acreditar num amor platônico e unilateral que mantinha origem desde seus antepassados, Uchiha Indra e Uchiha Ashura.

Era apenas mais uma vítima da chamada “friendzone”.

Com esse acontecimento e mais conflitos internos dentro de Konoha, como a nomeação clara de Hashirama como Shodai Hokage e a parcela de ódio dada para com os Uchiha, Madara se exilou da vila e anos mais tarde atacou-a como vingança. Neste dia, sobre a forte chuva, caiu na fria água do riacho onde se conheceram – o qual foi futuramente denominado como o Vale do Fim –, sendo dado como morto.

No fim, acabou sobrevivendo e encontrando Obito anos depois. Travou consigo um plano de vingança e agora ali estava ele, repleto de ódio e amargura em seu coração, procurando uma forma de alívio no meio de toda aquela guerra.

Estava realizando seu objetivo, sua maior ambição. Então porque Madara não se sentia bem?

A figura cambaleante de Tsunade chamou sua atenção. Revirou os olhos. Tão baka como Hashirama, pensou, não há dúvidas de que é parente daquele traidor.

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