Liberdade

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Uma batida aguda e estridente o acordou de seu sono vazio. Não havia sonhado com nada, diferente das últimas vezes. Nenhum pesadelo ou sonho feliz. Apenas o branco longínquo e sem graça.

Naruto não costumava sonhar o vazio. Às vezes ele sonhava com o passado, nas noites que passou recheado de hematomas devido aos maltratos sofridos do dia dez de outubro; ou em como seria a convivência com sua família; ou ainda sonhava com seu futuro, na vida de Hokage, sua família com Sasuke e seus filhos – sim, ele queria ter filhos.

Não sabia como, mas ele queria. Naruto sabia que Sasuke não queria ser o último do clã Uchiha, e esse fato o deixava levemente inseguro. Poderia o moreno o abandonar para poder reconstruir seu clã?
Preferia pensar que não.

Deixou o corpo dormente de Sasuke sobre o futon empoeirado e estendeu as mãos para o guarda de sua cela, que rapidamente soltou a corrente que ligava seu pulso esquerdo ao direito do Uchiha e o guiou pela mesma até uma pequena salinha.  Era ali que Naruto iria receber sua visita.

Já faz dois anos desde que Naruto e Sasuke haviam sido presos. Nesse meio tempo muitas coisas aconteceram, e o Uzumaki saberia delas por meio de sua informante: Sakura. A Haruno vinha visitá-lo a cada quatro meses e o contava das novidades, que logo depois ele passaria pessoalmente para o Uchiha. Isso não era algo usual, mas Tsunade conseguiu mexer uns pauzinhos para eles.

O guarda deixou-o na sala com a corrente presa a um cabo de aço preso a parede atrás de si. Encostou as costas na cadeira fria e sorriu ao ver Sakura passando pela porta, usando seu uniforme de médica-ninja oficial de Konoha e com duas bentos caseiras nas mãos.

Devido a sua experiência de liderança e grande maestria no uso do ninjutsu médico, Sakura fora agraciada como diretora do Hospital de Konoha e agora era reconhecida por toda a vila. A Haruno finalmente havia achado sua vocação e parecia bem feliz com os resultados.

– Ohayou, Sakura-chan. – sorriu. – Como vai?

– Bem, Naruto-baka. – sorriu e sentou à sua frente. Estendeu-o os bentos. – Trouxe uma comida saudável que eu mesma fiz. Lee provou e disse que irradiava o poder da juventude pelos poros.

Riram em conjunto. Lee era uma graça.
Há cinco meses atrás, Lee finalmente havia criado coragem e convidado a Haruno para sair. Ela pareceu hesitante por um tempo, mas preferiu aceitar e ver no que daria.
Acabou que o encontro foi maravilhoso e eles eram namorados desde então. Sakura estava feliz com sua decisão, já que agora seu amor era correspondido da mesma forma como desejava.

– Espero que aquele sobrancelhudo não esteja mentindo. – disse, brincalhão. – Mas eaí? O que aconteceu?

Sakura suspirou e tirou um envelope de dentro do jaleco branco. Mostrou-o para Naruto e o mesmo sorriu ao ler aquelas palavras:

“Você está convidado para o matrimônio oficial entre Inuzuka Kiba e Hyuuga Hinata.
– Eles vão se casar daqui a duas semanas. – guardou o convite. – Parecem estar bem felizes.

– Eu sempre soube que eles ficariam juntos, se merecem, ‘ttebayo. – sorriu grande.

Naruto sabia que Hinata gostava dele no passado, e saber que ela havia seguido em frente com alguém que a merecia deixava o Uzumaki contente. Era uma pena que não podia aparecer na cerimônia.

– É uma pena que não poderá aparecer lá. Hinata iria ficar bem feliz em te ver... – sorriu. – Ou talvez desmaiasse antes de dizer “sim”.

Riu baixinho. Talvez...

– Além disso, Kakashi-sensei e Iruka-sensei assumiram o namoro.

– Kakashi-sensei e Iruka-sensei? – surpreendeu-se. – Esse eu nunca suspeitava, ‘ttebayo!

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