Prisão

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A frieza inconstante cutucava suas costas largas, assim como formigava a ponta dos dedos de seus pés descalços. Amassou a barra da camisa branca, puxando os fios soltos do tecido grosso de suas vestes. Olhou para o pulso acorrentado e suspirou. O ar rarefeito da cela o sufocava, tanto ele quanto seu companheiro que jazia adormecido do outro lado da prisão.

Naruto não podia se sentir mais entediado. Ao final da Quarta Guerra Shinobi e de sua luta contra Sasuke no Vale do Fim, ambos foram sedados por Sakura e levados com urgência para o Hospital de Konoha, sendo supervisionados pela própria Godaime Hokage, que arrumou uma brecha em seu cargo como governante para supervisionar seu pequeno gaki.

Quando acordou de seu sono, tentou coçar a testa e alarmou-se ao não sentir nenhuma ação de seu braço direito. Abaixou olhar rapidamente e se assustou ao ver uma boa quantidade de ataduras envolvendo uma parte menor de seu antebraço. Aparentemente, tivera o membro amputado.

– Ohayou, Naruto-baka.

Sakura abriu a cortina que separava seu leito do de Sasuke, e assim pôde admirar a face dormente do jovem Uchiha.

– Neeh, Sakura-chan. – disse, alarmado. – O que aconteceu com meu braço?

– Ah, isso? – sorriu amarelo. – Acho que você e Sasuke exageraram na dose em sua luta.

– Como assim?

Sentou-se na cadeira que ficava no meio das macas de Naruto e Sasuke. Mexeu em umas folhas de sua prancheta e mostrou a imagem de um raio-X para o Uzumaki, que estava cercada por algumas palavras escritas em caneta rosa neon.

– Essa foi a radiografia do seu braço antes de ser amputado. – pegou a caneta e apontou para um ponto circundado. – Vê esse ponto? É um dos principais pontos de chakra que comandam sua rede nervosa a partir do braço. Aparentemente, Sasuke atingiu esse ponto com o chidori e o rompeu, ocasionando na grande perda de sangue nessa área.

– Entendi. – estendeu a prancheta. – Mas por que eu tô sem o braço?

Sakura pegou a prancheta de volta para si e a colocou debaixo do braço.

– Com o rompimento desse ponto de chakra, o resto de sua rede cardiovascular ficou comprometida e tivemos que sedá-la com um jutsu médico específico. Infelizmente, não conseguimos fazer nada com seu braço e tivemos que amputá-lo para que não comprometesse o resto de seu corpo. – explicou. – Aconteceu algo parecido com Sasuke, só que no braço esquerdo.

Uma enfermeira bateu na porta do quarto de hospital e entrou com duas bandejas com dois bentos cheios da comum refeição insossa de hospitais. A funcionária fez uma rápida referência e saiu do leito, indo atender mais pacientes.

Naruto olhou para a sopa rala e fez careta. Ela fumegava e parecia ter um gosto até bom, e ele morria de fome. Mas tinha um problema.

– Como é que eu vou comer? – apontou para o braço. – Sou destro.

Sakura colocou a bandeja sobre o colo de Naruto e pegou a colher de plástico. Sorriu.
– Olha o aviãozinho... – brincou.

Riu e abriu a boca, recebendo com gosto uma boa colherada da sopa de vegetais. Com fome, até aquele caldo ralo parecia uma delícia.

Quando Sakura dá-lo-ia outra colherada, uma mão fria a empurrou e Sasuke mesmo o deu a comida na boca. Emburrado e enciumado, o Uchiha não saiu do lugar até que Naruto comesse toda sua sopa, e só depois foi comer a sua comida.

Sakura riu abafado. Talvez tivesse feito a escolha certa. Ela e Naruto nunca dariam certo, no final das contas.

A recuperação de ambos foi rápida – o que surpreendeu Sakura – e no dia seguinte já foram liberados. Porém, antes que pudessem sair do leito de hospital, quatro Anbus pularam da janela e pediram sua presença na Torre Hokage imediatamente.

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