ID - Cores

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Dias se passaram desde a morte de Akasuna no Sasori e Deidara começava a se acostumar com sua nova rotina. Agora sem o Danna por perto, o loiro tinha que aguentar as frescuras de Tobi para cima de si.

Agora o Nakaiama entendia a sensação de se sentir acima de alguém, até porque Tobi o tratava como um mestre superior e irrefutável. Era bom até certo ponto, porque Deidara não aguentava mais ser chamado com aquela voz irritantemente infantil.

– Deidara-senpai! – fez gestos com as mãos.

Outra coisa que aprendeu sobre Tobi é que ele tem um estranho vício de mexer as mãos de modos bizarros enquanto fala. Sinceramente, ele não entendia como alguém do nível do mascarado podia entrar para a Akatsuki.

Claro, o caralho da máscara. Deidara tinha a enorme curiosidade de querer saber o que guarda aquela máscara laranja berrante. Já tentou vê-lo enquanto dormia, comia e até quando bebia suco, mas o maldito sempre conseguia escapar dos olhos azulados.

– Ah, porra, hn... – reclamou. – O que você quer, Tobi?

– Itachi-san pediu pra Tobi chamar Deidara-senpai!

Institivamente sorriu. Itachi, apesar de ser um Uchiha irritante, estava sendo um ótimo amigo o ajudando sobre o rolo com Sasori. Deidara passou a ver o mais velho de forma admiradora, não só como um superior, mas acima disso.

Deidara se viu passando a gostar do cheiro amadeirado do perfume de Itachi; da maciez que provavelmente provinha de seus longos cabelos negros; do sedutor ar de mistério que se escondia em seus olhos ônix; e a forma como seus lábios finos se mexiam lentamente quando falava, pareciam chamá-lo para um beijo.

É estranho estar pensando em uma pessoa desse jeito, principalmente porque Deidara supostamente odiava o Uchiha há um mês atrás, quando ainda o imaginava como "o cara que menosprezou a sua arte". Entretanto, Itachi mesmo tinha sua própria arte.

A arte de Itachi era algo abstrato e irreconhecível aos olhos humanos. Não eram pinturas, esculturas de argila ou marionetes. A arte do moreno era o seu coração. O Uchiha possuía uma bondade indiscutível que somente os que realmente o conhecem poderiam entendê-la. Ele foi capaz de enfiar seu futuro no caixão para salvar o lugar onde morou, para salvar o mundo shinobi e a seu irmãozinho.

Quem mais teria aquela coragem? Deidara mesmo acha que não poderia largar sua vida para a de um povo ignorante que não o aprecia. Apesar de isso soar egoísta, o Nakaiama não tinha muitas pessoas a quem se importar.

– Eu vou indo vê-lo. Sayounara, Tobi, hn.

– Sayounara, Deidara-senpai. – saiu pulando.

– Baka... – negou com a cabeça.

Enquanto andava na direção do quarto de Itachi, Deidara refletia sobre sua vida. Durante grande parte de sua infância, o loiro nunca havia realmente conhecido seus pais. Houve boatos que seu pai havia morrido numa missão do Corpo de Explosão de Iwagakure, e sua mãe, morrido em seu parto.

Com apenas cinco meses de idade, o loiro foi acolhido por uma das funcionárias para o Tsuchikage, que ainda era Oonoki. Cresceu fazendo bagunça pelos arredores da torre do Tsuchikage, e tudo aumentou quando ele descobriu a técnica Bakuton, a kekkei genkai de Liberação de Explosão.

O Nakaiama era o melhor aluno de Oonoki e, apesar de irritá-lo muitas vezes, o Tsuchikage tinha orgulho dele e até o considerava da família. Deidara era conhecido por suas esculturas de argila em formatos variados, sendo que seus favoritos eram os pássaros.

A primeira pessoa a quem realmente pôde contar foi Kurotsuchi, a neta do Sandaime. Ela era a sua companheira para todas as horas, faziam artes – no sentido de bagunça – juntos, dividiam o almoço, treinavam, dormiam e até já tomaram banho juntos quando pequenos. Resumindo, ela era como sua irmã mais nova.

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