— Eu sinto nojo de você pai. Como pode fazer isso? Como tem coragem de querer me obrigar a retirar a queixa contra aquele filho da puta? Ele tentou me estuprar, e se não fosse pelo Dante eu poderia nem estar viva aqui.
Apenas uma parte do que eu tinha acabado de dizer foi ouvido por ele.
— Dante? Que Dante?
Revirei os olhos, ele já havia se esquecido que Dante era, o meu professor.
— O Dante. Meu professor e irmão da Carolina. Foi ele quem me ajudou quando eu precisei, eu estava no chão com os braços amarrados e sendo tocada de uma maneira completamente nojenta pelo Gustavo, e eu gritei tanto que quase perdi a voz. Dante foi o único que ouviu, e quando me viu naquele estado quase matou o Gustavo de tanto soca-lo. Hoje ele foi minha testemunha na delegacia, e ah, meu advogado também. Mas olha se vamos falar na sua língua, que é a única que você parece entender, seria muito feio para você que eu contasse para o Dante que eu tive que retirar a queixa porque você me obrigou. Com certeza ele ia contar para muitas pessoas, vai que ele conhece algum amigo seu?
Ele me segurou pelos braços e eu tinha certeza que ia levar outro tapa na cara. Eu até fechei os olhos esperando pelo que eu já sabia que ia acontecer, mas algo diferente aconteceu.
— Deixe-a em paz, você já está passando dos limites. Roberta pode ser rebelde algumas vezes, mas isso que aconteceu com ela foi culpa exclusivamente desse imbecil. E ela não vai retirar a queixa coisa nenhuma, não importa que o pai de Gustavo seja meu cliente, eu não dou a mínima para isso. Tenho outros mil clientes, e ele vai ter que se virar para achar um advogado que defenda o filho dele porque eu jamais faria isso.
— Não é só por causa que o pai dele é nosso cliente, o pior vai ser quando isso tudo se espalhar, quando souberem que isso aconteceu vai manchar o nome da nossa família. Tudo bem a sua filha ser uma vagabunda sem que ninguém soubesse, mas daí a deixar que todos os nossos conhecidos fiquem sabendo disso é algo completamente diferente.
Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Era como se fosse um inimigo meu falando, e não o eu pai. Eu queria muito saber o que eu havia feito para que ele me odiasse tanto. Aquilo não era recente, ele era assim desde que eu era criança.
— Eu não sou uma vagabunda, eu apenas faço sexo com quem eu quero e com quantos eu quiser porque eu posso, sou livre e desimpedida. E o que aconteceu não tem nada a ver com isso, aquele estuprador de merda nunca nem tentou nada comigo, ele achou mais divertido tentar me estuprar do que me chamar para sair, e isso aconteceu por culpa dele, ele provocou tudo que aconteceu, e espero que ele vá para o inferno junto com você. - Falei magoada.
Não quis mais escutar nada, fui direto para o meu quarto, e acendi um cigarro. Fiquei em minha varanda e senti as lágrimas quentes descendo por meu rosto. Tudo que eu havia me tornado e os demônios que existiam dentro de mim era culpa do meu pai, ele provocou tudo isso, eu sempre procurei por sua aprovação, seu amor, mas agora eu não queria mais nada. Queria que ele se fodesse, eu o odiava tanto, e era cruel demais o que ele fazia comigo.
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A Aposta
RomanceRoberta está no auge de sua vida aos vinte e três anos. È aluna de direito, e com todo o dinheiro de sua família, ela tem tudo para ser um sucesso. Mas por trás de tudo isso há uma mulher muito diferente do que todos esperam, tudo que ela quer é cur...