(Dante) Capítulo 4 - Amigos?

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Me senti estranho por estar ali com ela, e  pelo que parecia Roberta sentia o mesmo. Eu não sabia ao certo se era pelo que tinha acontecido com ela, ou se por não termos começado as coisas de forma boa. Trouxeram minha H2oh, e o suco de abacaxi com hortelã que Roberta havia pedido.

Eu convidei você para te contar uma notícia muito boa... quer dizer... eu acho que você vai gostar e...

Para de enrolar, fala logo o que é! - Disse ansiosa.

Acabei rindo.

— Você conseguiu uma vaga no estágio.

O sorriso dela foi enorme e iluminava tudo ao nosso redor. Fiquei feliz por faze-la feliz depois de tudo que aconteceu.

— E quando eu posso começar? - Perguntou animada.

— Talvez essa semana, depende de como você vai estar. Muitos dos crimes que eu lido por lá é de estupro, você ainda se sente preparada para lidar com isso?

— Sim, claro. Isso me afetou de maneiras que eu jamais vou conseguir explicar a alguém, mas tenho certeza que consigo lidar com isso no estágio.

Eu assenti

— Me surpreendeu muito você ter conseguido passar. As suas notas não são as melhores. Porque você nunca se esforçou, Roberta? Você é a pessoa que mais tem faltas naquela faculdade.

Ela então me disse um pouco sobre sua vida, que odiava fazer direito, e que foi o pai dela quem escolheu o que ela devia fazer,  que ela realmente não queria estagiar com sua mãe, mas que estava feliz por ter conseguido o estágio no meu escritório pois foi algo que ela conseguiu por mérito próprio. Depois de ouvir ela dizer aquilo eu senti um respeito enorme por ela, pelo que parecia as coisas não eram do jeito que eu imaginava, ela tinha tudo, menos controle sobre sua própria vida por conta dos pais. Fiquei feliz por ela ter conseguido o estágio e eu poder conhece-la de verdade. Ao menos um pouco, claro. 

— Eu entendo tudo isso. Eu fui meio imbecil com você desde o dia em que nos conhecemos, mas é difícil trabalhar com que eu trabalho. E depois teve aquele dia em que eu te julguei novamente por você querer fazer o estágio, enfim. Vamos esquecer essas coisas. Vamos recomeçar? O que acha?

Ela sorriu e assentiu.

— Eu também não sou a pessoa mais fácil de se lidar. Na verdade, sou muito difícil e fui bem mal-educada com você nessas vezes que discutimos, mas eu acho que você está certo, temos que deixar essas coisas de lado e recomeçar, afinal além de ser meu professor, meu novo chefe, você é também meu advogado. Nossa que confuso, fora que a sua irmã é minha cunhada, então... sim nós temos que ter respeito sempre um pelo outro.

Ri novamente.

— Eu fiquei bastante surpreso quando descobri que você é a irmã do Rodrigo. Minha irmã e ele sempre falaram de você, mas nunca pensei que poderia ser você. - Contei.

Nosso almoço chegou e eu fiquei feliz ao experimentar, ao observar Roberta percebi que ela estava mais do que feliz com seu ravióli. Roberta me contou que era obrigada a se mostrar para o mundo como perfeita, e que sua família era uma fraude que fingia a perfeição.

— Tem muita coisa sobre mim que poucas pessoas sabem, algumas só eu sei. Acho que a vida de todos é assim, não é? - Perguntou ela.

— Você tem toda razão. Mas eu já passei da idade para ligar para o que os outros possam pensar.

— Tem um livro que eu adoro o nome é: "A sutil arte de ligar o foda-se", acho que você vai gostar. - Disse ela e acabei rindo. — Mas eu entendo o que você quer dizer, só que pra você é diferente, você já tem a sua vida, a suas coisas, eu sou obrigada a seguir muitas das coisas que o meu pai me obriga a fazer porque ainda moro com ele. Enfim, esquece esse assunto. Você disse ontem essa mesma frase, de que não tinha idade mais para ficar na festa, e hoje disse que já passou da idade pra se importar, mas você fala como se já fosse um idoso. Aposto que não tem nem trinta e cinco anos.

A ApostaOnde histórias criam vida. Descubra agora