(Dante) Capítulo 5 - Puta merda! Que beijo!

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Entramos no carro e assim que ele dei partida decidi perguntar:

— Você disse ainda a pouco que Júlia não tinha sido a única a te julgar, quem mais fez isso?

— Isso pode ser surpreendente para você, mas para mim não foi. Quem veio fazer acusações e me culpar foi também o meu pai.

— Não dá pra acreditar numa coisa dessas. Mas como foi que ele descobriu?

Roberta me explicou que o pai de Gustavo era cliente da mãe dela, e pediu ao pai de Roberta que a caixa fosse retirada, e que ainda por cima o pai dela a acusou de ter feito tudo aquilo de propósito. Eu primeiramente fiquei em choque e então fui ficando puto pelo fato do pai dela ser um verdadeiro filho da puta. Sacudi a cabeça e ajeitei os óculos no lugar

— Quando você me pediu que seus pais não ficassem sabendo de nada eu jamais imaginei que seria por causa disso. Eu nem sei o que dizer a você, essas coisas que seu pai disse, e a atitude dele é horrorosa, ele não é nada do que eu pensei que fosse.

Ela assentiu.

— Não é mesmo. Se tem uma pessoa naquela família que tenta ser transparente sou, eu. Mas enfim, não vamos falar mais desse assunto, não quero pensar em coisas ruins.

— Você parecia estar tão animada quando me chamou para vir comemorar com você, mas não deixe que essas coisas te deixem se sentindo culpada. Você sabe que não tem culpa, as pessoas é que gostam de julgar sem saber de nada.

— Eu me senti assim no começo, mas agora não. Eu sei bem que eu sou, e os meus erros, mas isso que aconteceu eu fui uma vítima, as pessoas podem pensar o que quiserem, para mim foda-se, eu não vou deixar de viver a minha vida do jeito que gosto apenas porque os outros podem me julgar.

Eu decidi ligar o rádio para melhorar o clima tenso, e começou a tocar Ironic da Alanis Morissette

— Nossa eu amo essa música! - Disse animada. — Você vai ter que me aguentar cantando ela, não tem como não cantar essa música.

Eu acabei rindo e ela começou a cantar sem vergonha alguma.

— Canta comigo. - Pediu e cutucou meu braço.

Sacudiu a cabeça negando e ela cantou:

It's like rain on your wedding day 
It's a free ride when you've already paid 
It's the good advice that you just didn't take 
Who would've thought, it figures

Sim eu me rendi e acabei por cantar junto com ela. Aquilo foi muito ridículo, eu cantava mal pra caramba, mas ela não pareceu se importar com isso. Quando a música acabou acabamos por chegar na casa dela, e ela ficou me olhando, a cabeça recostada no banco e um sorriso deslumbrante. Eu não sabia ao certo o que tinha acontecido comigo naquele momento, mas eu sabia bem que a forma com que eu a olhei era quase que predatória. Eu estava hipnotizado e meu olhos se fixaram por um momento em sua boca, aquele batom vermelho, seus olhos castanhos, eu estava ficando louco. Eu tinha total certeza de que ela percebeu como tudo tinha mudado naquele momento, eu estava completamente diferente, minha tensão poderia ser sentida, e minha respiração pesada era tudo que eu ouvia naquele silêncio ensurdecedor. Mas graças aos céus eu ainda tinha um resquício de juízo e logo voltei ao normal, ou ao menos tentei.

— Chegamos. Você devia ir agora. - Falei completamente sério, minha voz estava rouca.

Ela suspirou pesadamente, tirou o cinto de segurança, agradeceu a carona e se despediu de forma rápida. Eu não sei ao certo como cheguei em casa naquela noite. Era como se eu estivesse sendo empurrado, nunca tinha sentindo um desejo tão forte quanto aquele. Era ridículo eu estar assim, por isso a próxima coisa que fiz foi tomar um banho bem gelado, eu não era um garoto, precisava ver que aquilo era completamente errado, e eu precisava me controlar.

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