Eu abri os olhos devagar. Olho a minha volta, e percebo que eu estava no hall de entrada do meu prédio. Eu estava deitada num dos sofás, e quando olho para frente vejo minha mãe, ela parecia bastante apreensiva. Meu coração dispara no peito ao relembrar o que havia acontecido. Eu havia desmaiado após ela me mostrar a foto do meu biológico. E eu não conseguia acreditar que era ele. Lorenzo era o meu pai. E eu não sabia o que pensar ou o que sentir. Sabia que ele era uma ótima pessoa, na verdade ele era um verdadeiro anjo. Mas o que ele pensaria de ter uma filha como eu? Ou melhor, o que ele pensaria ao descobrir que tinha uma filha e que isso foi ocultado dele durante quase 24 anos.
— Você está bem? Acabou desmaiando. - Minha mãe disse preocupada.
Ela tocou minha testa, e eu suava nervosa.
— Você tem certeza de que Lorenzo é o meu pai, não é?
— Claro que sim, eu me lembraria dele não importa quantos anos passem.
— Eu... eu o conheço. Foi ele quem me ajudou em meu tratamento, ele é meu amigo. Meu ajudou tantas vezes, inclusive ontem. Eu... eu não consigo acreditar nisso, é surreal demais.
— Estou tão feliz por você, ele é uma pessoa maravilhosa, sempre foi. Se eu pudesse ter feito tudo diferente, teria feito, mas mesmo com arrependimentos o passado sempre vai existir e não pode ser apagado ou mudado.
Assenti.
— Obrigada por ter me contado. Isso é muito importante para mim, você não tem a menor ideia do quanto.
— Eu vou fazer o que for necessário para me redimir, filha. Mas agora... converse com ele, conte a verdade, refaça da sua vida tendo um pai de verdade ao seu lado.
— Vou tentar fazer isso.
Minha mãe se despediu de mim, e foi embora. Eu voltei para o meu apartamento, e tomei um copo cheio de água. Parte de mim desejava correr até Dante e lhe contar tudo, mas fui eu quem pedi um tempo, seria ridículo aparecer lá de repente. Pensei em quanto ele foi injusto e até malicioso com aquela situação toda. Ele pensava que Lorenzo estava querendo algo comigo aquele tempo todo, e a realidade é que ele era o meu pai. Sacudo a cabeça incrédula. Às vezes o ciúme leva a pessoa a pensar coisas completamente absurdas. Dante era maravilhoso comigo, sempre me apoiou incondicionalmente, mesmo quando ainda nem estávamos juntos, mas a verdade é que o antigo relacionamento dele, por ter terminado de forma tão conturbada o deixou complexado. Ele não tinha o porquê ter ciúme de Lorenzo, mesmo antes que eu soubesse da verdade, era ridículo ele pensar aquelas coisas, e eu sim tinha motivos para me estressar com a volta repentina da ex de Dante. Ela devia ter se arrependido de ter terminado com ele e agora o queria de volta. Eu não ia ficar me descabelando por conta disso, estava literalmente cansada. A minha vida já era uma bagunça eu não precisava incluir algo novo a tudo o que eu vivia. Eu amava o Dante com todo o meu coração, mas não ia me rebaixar jamais. Se ele quisesse terminar tudo e voltar para a ex dele, que voltasse, eu ia sofrer, mas depois tudo ia passar. Era como eu havia dito a ele, não precisava dele para ser feliz, e agora eu tinha encontrado muitas outras coisas para me deixar feliz. Um pai bom e integro, um emprego que eu amava, tudo a minha volta estava dando certo, e se eu o me relacionamento tivesse que dar certo também, isso só o tempo ia dizer.
*
Ainda era cedo e eu sabia bem disso, mas eu estava ansiosa demais para esperar qualquer segundo que fosse. A primeira coisa que eu fiz ao acordar foi ligar para Lorenzo e pedir que ele me encontrasse em uma padaria ali perto. Queria tomar um café da manhã com ele. Eu não ia contar nada por enquanto, na verdade eu estava com medo da reação dele, eu... só precisava vê-lo. Era como se eu estivesse o vendo pela primeira vez, porque só naquele momento eu havia descoberto o quão importante ele era para mim. Eu estava tão feliz, não sabia nem ao menos explicar aquela sensação. Eu havia passado por tantas decepções nesta vida, e agora descobrir que ele era o meu pai, era como se eu realmente tivesse recebido uma segunda chance da vida. A figura paterna que eu sempre busquei era a que Lorenzo demonstrava. Ele era responsável, cuidava das pessoas, era preocupado, amável. Ele era um presente que eu demorei vinte e três anos para receber.
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A Aposta
RomanceRoberta está no auge de sua vida aos vinte e três anos. È aluna de direito, e com todo o dinheiro de sua família, ela tem tudo para ser um sucesso. Mas por trás de tudo isso há uma mulher muito diferente do que todos esperam, tudo que ela quer é cur...