(Dante) Capítulo 15 - O melhor que me aconteceu.

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A culpa me corroía por dentro mesmo que eu não tivesse culpa alguma sobre o que tinha acontecido. Me odiava por estar escondendo tudo que aconteceu de Roberta, mas ela estava tão feliz e animada, eu não queria estragar tudo que ela tinha conquistado. Prometi a mim mesmo que após o evento em que ela tocaria, a primeira coisa que ia fazer era lhe contar tudo. Naquela manhã acordei cedo para leva-la até a ong, ela ia doar uma caixa grande de roupas para ajudar outras pessoas, e fiquei muito feliz com sua atitude. Roberta tinha um coração enorme apesar de esconder isso com seu jeito irônico e sua sinceridade de sempre. A sensação que eu tinha é que ela somente deixava se mostrar de verdade para mim, ou para pessoas que realmente fossem próximos a ela, quem a via acabava não tendo o prazer de conhece-la de verdade.

Roberta apontou onde ficava a ong, e estacionei o carro logo em frente. Pego a caixa de sua doação no banco de trás do carro e seguimos até lá. Roberta me apresenta a uma das voluntárias chamada Cecília, e então entrega a doação para ela, a mulher fica contente e agradecida. Roberta então pergunta se Lorenzo estava lá, e pede para conversar com ele. Seguimos então por um corredor com diversas salas, e Roberta para em uma delas. Logo o tal Lorenzo abre a porta, e quando vejo a intimidade dele e de Roberta meu sangue ferve. Ele sorri todo contente em vê-la, ele devia ter uns cinquenta anos, os cabelos escuros, mas com boa parte já grisalho, os olhos castanhos brilhavam na direção dela, e ele a abraçou animado.

— Que surpresa maravilhosa ver você aqui, hoje. Pensei que só viesse na quinta-feira, que é quando você participa das reuniões. - Lorenzo diz a ela.

— Na verdade eu vim fazer uma doação de roupas, e também vim ver você. - Explicou Roberta.

Ela pareceu ter esquecido que eu estava bem ao se lado. Pigarreio para chamar sua atenção, e ela logo me olha, um sorriso grande preenchia sua boca.

— Ah, e também vim te apresentar o meu namorado, o Dante, é ele quem eu te falei tantas vezes. - Ela nos apresenta.

Lorenzo sorri ao me ver e me cumprimenta animado.

— Realmente, a Roberta vive falando de você, e do quanto você a ajudou nesse momento tão complicado.

— È, ela também fala muito de você e de como tudo aqui vem a ajudando a superar seus vícios, ela gosta muito das reuniões.

Lorenzo assentiu.

— Bem... queria te contar que daqui a pouco vou fazer um ensaio com os membros da orquestra. Estou muito ansiosa. - Diz Roberta a ele.

— Ah, tomara que dê tudo certo, você foi a única pessoa que resolveu ajudar sem cobrar nada. As outras pessoas com quem falei pediram quantias absurdas. - Disse ele sacudindo a cabeça.

— Eles vão amar quando a ouvirem tocar. Ele faz isso com perfeição. - Digo a ela sorrindo.

Ela sorri meio sem graça.

— Também não é assim, eu sou boa apenas. - Diz ela modesta. — Bem... foi ótimo te ver, Lorenzo, só quis mesmo dar uma passada para entregar a doação e aproveitar para apresentar o Dante a você.

— È sempre um prazer ter você por aqui, e obrigada pela doação. Um prazer conhecer você, Dante.

— O prazer é meu, parabéns pelo que você faz por aqui, ajuda a vida de muita gente.

Lorenzo agradeceu e nos despedimos. Deixo Roberta em seu ensaio, e aproveito que ela ia passar o resto do dia lá, e vou direto para o apartamento dela. Eu tinha feito uma pequena loucura já fazia alguns dias, e comprei o piano que ela tanto precisava, não sabia ao certo como ela ia reagir, se ia ou não gostar do meu gesto, mas o que importava para mim é que ela pudesse realmente focar em seu trabalho, e se ela tivesse um piano em casa ia ser muito melhor para ela. Entrei em seu apartamento, e sacudo a cabeça rindo ao ver a bagunça que ela tinha deixado. O forte de Roberta nunca foi a organização, disso eu já sabia fazia tempo. Mas ela tinha deixado uma pilha de roupas pelo sofá, acho que aquelas eram roupas que ela decidiu não doar. Começo a organizar tudo que encontro pela frente e após alguns minutos o porteiro toca o interfone avisando da entrega do piano. Foi um pouco complicado de levar o piano até o apartamento por conta do peso, mas assim que o tirei da caixa, o deixei próximo da varanda da sala. Algum tempo depois Roberta retornou do ensaio, e assim que me viu pulou em mim encaixando as pernas em minha cintura. Eu ri com sua animação.

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