(Dante) Capítulo 10 - Conversas.

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Em algum momento daquele sábado acabamos no tapete da sala, Roberta sorria com a cabeça apoiada em meu peito e me olhava de forma intensa. Eu estava gostando muito de estar com ela, e pouco me importava com as consequências e o que quer que pudesse acontecer. A verdade é que ela com seu jeito meio doido tinha me ensinado que correr riscos às vezes vale a pena.

Porque está me olhando desse jeito?

— Não sei. Eu só não imaginei que passaria um sábado inteiro transando em quase todos os cantos do seu apartamento.

Eu ri e ela logo riu junto comigo.

Acredite, eu também não imaginava.

— Eu acho que devia ir, sabe Deus o que vou encontrar quando voltar para casa hoje.

— Você pode passar a noite aqui se quiser. Podemos nos divertir ainda mais e você se esquece dos problemas.

Ela sorriu.

— A minha vida é um problema, e não queria envolver você nisso. Ainda mais por conta da sua irmã estar casada com o meu irmão agora, mas você foi a primeira pessoa que pensei em contar sobre o que o meu pai fez.

— Eu fico feliz que tenha vindo até aqui. Não gosto nada das besteiras que você faz, e sei que não tenho direito algum em me meter na sua vida, mas você sabe que usar drogas não vai melhorar em nada os problemas da sua vida.

Ela suspirou pesadamente.

— Todos nós temos nosso meio de escapar da realidade da vida. Você faz isso com o seu trabalho e eu com as drogas. Sei que é errado, mas por enquanto eu sou essa pessoa e não sei se seria capaz de mudar.

— Não estou te pedindo para mudar, estou te pedindo para tentar. Mas esqueça isso. Não quero pensar nessas coisas hoje.

Ela assentiu.

— Tenho uma ideia de como esquecer tudo isso. - Disse sorrindo com malícia.

Ela ficou por cima de mim e me beijou, minhas mãos deslizaram por suas costas e se encaixaram em sua bunda.

*

Nós passamos aquela manhã de domingo conversando sobre tantas coisas que me peguei surpreso com a naturalidade que ela me contou sobre coisas de sua vida. Roberta era sempre muito fechada assim como eu, e a verdade é que eu me abri também. Contei coisas a ela que não fala a ninguém a muito tempo.

— Eu nunca aproveitei a vida da maneira que você faz. Gostaria de poder voltar no tempo e fazer tudo isso, saí por aí, me divertir, mas eu não podia me dar ao luxo nem de pensar nisso. Precisei focar nos estudos no último ano do ensino médio, porque meus pais não tinham como me ajudar a pagar uma faculdade, então ou eu passava numa federal ou ia nada de faculdade. E eu sonhava em fazer direito desde sempre, precisei deixar boa parte da minha vida de lado para só focar nisso, e eu consegui passar fiquei em primeiro lugar do vestibular e quando eu fui para a faculdade eu só estudava então não sobrou muito tempo para prestar atenção nas festas da faculdade. Eu não sou muito de festas, gosto de lugares calmos, onde eu possa ouvir o meu próprio pensamento e conversar com quem está comigo.

— Eu entendo você, eu também não era de sair, preferia ficar no meu quarto ouvindo minhas músicas, mas aí o meu pai começou a piorar o comportamento dele, ele de repente queria me convencer a namorar o filho do amigo dele, e eu só tinha dezesseis anos, eu fiquei puta da vida, comecei a mudar o meu comportamento para que o tal filho do amigo dele ficasse longe de mim, ia em festas todos os dias e logo eu comecei a gostar daquele mundo. Me fazia sentir menos vazia. As drogas vieram como um combo nisso tudo, mas eu não me considero uma viciada, eu só recorro a esse tipo de coisa quando estou sob muito estresse.

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