Capítulo 20 - Tentando recomeçar.

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Ela me olhava com extrema ansiedade, e eu engoli em seco porque não queria ouvir uma só palavra do que quer que ela tivesse de dizer. Foda-se ela, foda-se o Eduardo. Ela não tinha direito nenhum de estar ali, foi ela quem começou tudo aquilo, e eu não sei um dia conseguiria perdoa-la por tudo que aconteceu.

— Eu preciso falar com você, Roberta. - Disse ela com urgência.

— Estou pouco ligando para isso, ou para qualquer coisa. Pode sair da minha frente agora, eu não tenho o porquê escutar você. - Respondi irritada.

Comecei a andar até a entrada e ela ainda teve a audácia de me segurar pelo braço, eu o puxei logo em seguida.

Por favor, ao menos me deixe explicar...

— Eu não vou escutar porra nenhuma. - Falei irritada. — Saí logo daqui e pare de fazer essa cena ridícula.

Entrei basicamente correndo e fui direto para o elevador. Quando cheguei no andar do escritório de Dante eu fui direto para o banheiro e me tranquei lá. Meus batimentos cardíacos estavam anormais, parecia que meu coração queria sair pela boca, minhas mãos suavam e  eu me tremia inteira. Senti pela primeira vez a abstinência em sua crua essência. Eu daria tudo por um saquinho de cocaína ou que quer fosse. Joguei minha bolsa no chão e minha respiração era cada vez mais irregular, parecia que eu ia morrer a qualquer momento. Tentei manter a cabeça no lugar, tentei ser a Roberta consciente de sempre, mas eu não sabia se ia conseguir. Passei uns bons trinta minutos ou mais sentada no chão, tentando respirar melhor de alguma forma. Alguém bateu na porta, e perguntou se estava tudo bem. Eu demorei alguns segundos para responder, e em seguida abri a porta. Era Lara, a secretária de Dante.

— Está, tudo bem com você, Roberta? Fiquei preocupada, você entrou aqui e parecia estar muito nervosa.

Está... está tudo bem. - Respondi enrolada, e tentei convencer a mim mesma de que era verdade. — Dante já chegou? - Perguntei ansiosa.

— Sim, ele está na sala dele. - Respondeu.

Eu não vi mais nada a minha volta, fui direto para a sala dele e tranquei a porta. Dante se assustou ao ver o meu estado.

— O que aconteceu? Você estava ótima esta manhã. - Disse vindo em minha direção.

Eu não respondi, apenas o abracei forte. Era como se aquilo fosse a única coisa que pudesse me fazer sentir melhor. Estar nos braços dele era a melhor sensação do mundo e em meio a avalanche emocional que eu me encontrava chorei muito. Ele não disse mais nada, apenas me deixou ter aquele momento.

Ele só me soltou para que eu me sentasse no sofá e então me entregou uma garrafa d'água. Tomei basicamente toda a água e aos poucos fui me sentindo melhor.

— Me conte o que aconteceu, por favor. - Ele se abaixou para ficar de frente para mim.

Suspirei pesadamente.

— Eu... passei na ong, tive uma reunião, e conversei com o Lorenzo, tudo estava bem até que eu vim para cá e encontrei a minha mãe. Ela estava na porta do prédio me esperando, e queria de qualquer maneira conversar comigo, e eu discuti com ela, e falei que não ia falar com ela. Eu corri para cá, mas então comecei a passar muito mal, e tive certeza que estava tendo uma crise. Sempre que eu brigava com meus pais eu recorria as drogas e dessa vez eu não tinha nada por perto, mas a vontade que senti foi muito louca. Nunca senti nada igual. Estou com medo, Dante. Medo de não conseguir me segurar, de cometer alguma besteira e literalmente acabar com a minha vida.

— Eu já sabia que não ia ser algo fácil para você, Roberta. Mas só quero que saiba que você não está sozinha, não vou sair do seu lado. - Disse solene.

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