Parte 1 - Capítulo 5

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                Anabel estava em um lugar completamente afastado do restante do reino. Um lugar que hoje em dia era inabitável, mas ela sabia que em outro tempo, uma outra época, muita gente vivia ali. Sabia disso não só pelo que já tinham lhe falado, mas também por conta das casas – ou o que restou dela – que ficavam espalhadas pelo lugar.

Aparentemente, alguns anos atrás, durante um ataque ao vale em que eles utilizaram a passagem secreta pra chegar até lá, muita gente morreu tentando voltar e, segundo o que a lenda dizia, aquele lugar era amaldiçoado e ninguém tinha coragem de ir. As pessoas que viviam ali foram então para outro lugar. Assim, uma das 13 aldeias foi destruída, agora só restavam 12. 11, para ser mais especifica, já que a aldeia quatro tinha sido extinta um ano antes, nesse mesmo período.

Anabel engoliu em seco e tentou afastar seu pensamento das pessoas que ela viu morrendo e não pôde fazer nada a respeito, nunca ficava bem quando pensava nisso, então se focou em encarar fixamente a pequena abertura que ficava entre duas arvores, que hoje em dia já era tão conhecida por ela.

Estava ali há cerca de uma hora, sabia que seu tempo estava acabando e que ele, provavelmente, não apareceria, mas, pra variar, ela não saia de lá até o último segundo.

Ouviu passos mansos se arrasando pelas folhas e seu coração acelerou por meio segundo, antes dela perceber que o barulho vinha da direção oposta. Virou a cabeça no impulso, quase achando que havia sido descoberta, mas só encontrou seu irmão caminhando em sua direção.

– O que faz aqui? – Anabel pergunta. Era capaz de contar nos dedos as vezes em que James tinha caminhado até ali sem autorização. – Alguém está vindo?

– Não, não. – James responde. – Eu já disse, esse lugar traz recordações ruins para a maioria, dizem que é amaldiçoado. Ninguém irá encontra-lo se...

– Se eu for cuidadosa. – Anabel completa o discurso que já tinha ouvido uma dezena de vezes. – Então, o que você quer?

– Ele não virá. – James diz o obvio.

Anabel suspira, tentando soar debochada e não triste.

– A essa altura eu já sei disso também. – Ela diz, forçando um sorriso. – Mas, como sempre, eu me recuso a perder as esperanças e ficarei aqui até o último segundo. Ainda tenho alguns longos minutos. Sabia que eu já decorei cada detalhe da...

– Dessa vez não. – James a interrompe. – Precisamos de você.

Pela primeira vez, Anabel parou para avaliar seu irmão e percebeu que ele estava bastante inquieto.

– O que aconteceu?

– Outra pessoa ficou doente, mandaram te chamar. Eu mandei ir alguém na frente para aplicar medicamento nela enquanto vinha te procurar. – James responde.

– Qual aldeia?

– Sete.

Anabel aperta os olhos, sentindo um leve desconforto invadir seu corpo, e nem conseguiu responder, apenas fez sinal para ele ir na frente. Os dois caminharam até lá e ela logo percebeu que realmente tinha algo errado, pois assim que chegou a porta da Aldeia Sete, viu que um aglomerado de pessoas se formavam de frente a uma casa.

– Abram caminho. – James ordena. E, como sempre, sua ordem é obedecida.

Os dois passam por entre as pessoas e adentram a casa. No momento em que põe os pés lá dentro, Anabel percebe o que há de errado. Uma garota tremia no leito dela, tanto que chegava a ser assustador.

4 - Sobre Meninas e MudançasOnde histórias criam vida. Descubra agora