Parte 3 - Capítulo 4

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Vou ser bem rápida nesse recado. No capítulo passado teve muita discussão sobre a escolha que o Victor teve de não continuar o tratamento de câncer. Algumas pessoas deram algumas informações sobre quimioterapia. Fizeram isso muito bem, inclusive. Contudo, um comentário me deixou muito preocupada e ele dizia basicamente o que as pessoas com câncer poderiam sentir se lessem esses comentários. 

E é por isso que eu vim aqui dizer que tudo que foi falado pelas pessoas que comentaram é muito relativo. Cada caso de câncer funciona de diferente forma e, na maioria das vezes, a quimioterapia é a única maneira de reverter essa doença. Mesmo com todos os efeitos colaterais, pode ser a única saída. Então caso alguém que esteja lendo isso passe por uma situação parecida, jamais se deixem levar pelo que foi dito aqui, avalie seu caso apenas pelo que foi dito pelos médicos. Eles vão dizer os efeitos colaterais, vão falar as chances e tudo isso com muito mais propriedade e tudo relacionado ao caso em questão. 

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              Aurora observava, na porta, enquanto Daniel conversava com seu avô. Seu filho parecia tentar se manter forte ao ver seu avô naquele estado, mas sem muito resultado. Ela se preocupou um pouco, ele era muito novo pra ter aquele tipo de atitude, sabe, de tentar esconder o que sente. Teria uma conversa com ele sobre isso depois.

Alex bateu na porta do quarto, e Aurora se afastou para ele entrar. Seu marido estava todo ensopado e tremia um pouco de frio. Ela tirou as sacolas da mão e deu um beijo em seu rosto molhado.

– Desculpa pelo atraso. – Ele diz e beija os lábios dela.

– Vem, eu vou pegar uma toalha pra você. – Aurora diz e caminha até a cômoda onde ficava as roupas de Adam e tira de lá uma toalha.

– Oi, pai. – Alex diz, acenando pra ele. – Oi, filho.

– Oi. – Daniel e Adam respondem.

– Trouxe tudo que me pediram. Ou, no caso, as coisas que vocês podem comer. – Adam revira os olhos e Daniel faz o mesmo. – Ah, pai, o senhor viu o resultado do jogo?

– Mas é claro que sim! – Adam responde, tentando parecer duro. – Estou doente, não morto... ainda.

O bom humor de Alex desaparece, e ele engole em seco.

– Vem logo, amor. – Aurora diz.

– Hã, você pode pegar uma roupa do meu pai pra mim também? Me molhei todo. – Ele explica.

Aurora assente, embora fosse claro que ela já iria fazer isso.

– Você conseguiu falar com o Edgar? – Adam pergunta, e Aurora fica paralisada. O quê?

– Sim, consegui. – Alex responde. – As coisas estão bem corridas em Londres, e ele não poderá vir tão cedo.

– Você falou para ele como eu estava?

– Falei, mas... ele só disse isso que acabei de falar.

– Pronto. – Aurora diz, ao terminar de pegar as roupas. – Venha.

Os dois foram para o banheiro. Ela ajudou Alex a tirar as roupas, na verdade, fez praticamente sozinha. Agora que os dois estavam sozinhos, ele voltou para a expressão triste e melancólica dos últimos dias.

– Vai ficar tudo bem. – Aurora diz e levanta o queixo dele. – Você sabe que as chances dele são boas.

– Eu sei, mas não muda o fato de que é desesperador. E não é justo... Adam... Adam virou meu pai de verdade há apenas alguns anos.

4 - Sobre Meninas e MudançasOnde histórias criam vida. Descubra agora