4 - Sobre Meninas e Mudanças

Parte 10 - Capítulo 4

"Estou queimando como um fogo, alguém ajudará minha dor? Estou me afogando acima da água, oh, me ajude a respirar novamente. E eu, não posso deixá-lo ir, então, quando estiver pronto, volte para casa." - Calum Scott, Come Back Home

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– Alexander, eu preciso que entenda o que está fazendo.

– Eu sei o que estou fazendo, Major Clarkson.

– Eu não acho que entenda. – Ele diz, ainda com a papelada nas mãos. – Você tem mulher e filho.

– Disso eu já não tenho mais tanta certeza. – Alex responde e se inclina um pouco, se apoiando na mesa que separava os dois. – Eu preciso disso.

– Não é uma colônia de férias aonde você vai pra esfriar a cabeça.

– Eu não estou indo tirar férias. Olha... sei que somos amigos, mas essa escolha é minha. Respeite-a.

Major Anthony Clarkson assente, mas ainda não parecia nada feliz com a ideia. Ele se inclinou para o lado e tirou da gaveta um contrato, passando para ele. Alex pegou de suas mãos e logo tirou uma caneta do bolso.

Assim que começou a passar os olhos pelas letras, especialmente no tempo em que teria que ficar fora, foi invadido por uma enorme covardia. Tinha pensado muito sobre isso nas últimas semanas e sempre achou que tivesse certeza, achava até aquele momento.

– Você pode tirar mais alguns dias para pensar no assunto. – Major Clarkson diz, estendendo a mão para pegar de volta os papeis. – E se assim for, terá duas semanas pra se preparar.

Alex hesita, mas acaba entregando os papeis de volta pra ele.

– E pense muito bem antes de tomar essa decisão.

– Até logo, Major Clarkson.

Alex bate continência e se retira da sala. Ao se ver sozinho, ele respira fundo. Tinha pensado muito antes de tomar aquela decisão, tinha pensado sem parar durante as duas últimas semanas. Sabia que não tinha mais jeito, sabia que não tinha volta, então por que não conseguia?

Foi para casa e, assim que chegou, seu primeiro impulso foi ir embora de novo. Sempre amou sua família e sua maior alegria sempre foi ficar perto deles, mas desde que tudo começou a desandar, ficar perto deles só trazia tristeza e dor. E ele já sentia dor o tempo todo, não gostava de ampliar ainda mais isso, então ficava o menor tempo possível em casa.

Saía cedo, fazia suas refeições na rua e chegava o mais tarde possível. Praticamente só dormia em casa e sabia que essas atitudes estavam acabando com sua esposa, era mais um motivo pelo qual ele precisava tomar providencias.

Tirou os sapatos, colocou sua bolsa em cima do sofá e caminhou até o quarto. Encontrou Aurora deitada na cama, ela parecia dormir, mas abriu os olhos e levantou poucos segundos depois que ele entrou no quarto.

– Oi. – Ela diz, limpando os olhos que estavam inchado.

Mesmo depois de tudo que ela tinha feito, Alex não gostava de vê-la assim.

– Oi. – Ele responde.

– Você chegou cedo! – Aurora nem conseguia esconder a felicidade que sentia por isso.

– É...

Os dois ficam sem dizer nada por algum tempo, de modo que começa a ficar constrangedor.