4 - Sobre Meninas e Mudanças

Parte 10 - Capítulo 5

"Eu teria ficado do seu lado a noite toda se eu soubesse como salvar uma vida." - The Fray, How to Save a Life

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– Eu sinto muito, Fera. – Mau diz.

– Eu também. – Lúcio responde, a voz dele tentava soar firme, mas Mau o conhecia bem.

– E... como está a Bella?

– Está lidando como pode. Sofrendo, mas... lidando.

– Entendo. Há algo que eu possa fazer pra te ajudar?

– Só avisa a Genevieve. Pelo que parece, os dois eram muitos próximos.

– Vou avisar. – Mau garante. – E qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me liga.

– Tudo bem. – Lúcio diz e desliga.

Mau engole em seco. Toda a animação e felicidade que ele estava sentindo alguns segundos antes por hoje ser o último dia da Sociedade na floresta, tinha desaparecido. Não que fosse próximo de Victor ou algo do tipo, mas não gostava de saber que Lúcio ou Bella e, futuramente, Genevieve estavam sofrendo.

Ele vestiu uma roupa de frio e saiu de casa. Estava sozinho. Tinha ficado antes para resolver coisas com Atílio enquanto os outros foram para a floresta terminar de organizar as últimas coisas para a mudança. Metade da população, em sua maioria mulheres e crianças, tinham se mudado no dia anterior para já irem organizando as coisas em suas casas enquanto outros ficaram para trás arrumando as coisas na aldeia.

Daquela vez, Mau não correu muito depressa. Em partes porque não queria ter que chegar lá e dar a notícia e também porque sabia que aquela era a sua última corrida em direção a Sociedade do Lobo. Não que fosse deixar de ir a floresta, jamais faria isso, mas seria a última vez em que correria de volta para o lugar que foi sua casa durante tantos anos.

Mau não era do tipo nostálgico e nem achava que sentiria tanta falta, afinal, todo mundo que ele amava e se importava não estariam mais lá e iriam para um lugar bem melhor, mas resolveu aproveitar a última vez.

Ao chegar lá, imediatamente se animou um pouco mais. As pessoas dançavam e faziam festa enquanto arrumavam as coisas. Mau tinha visto apenas algumas pessoas que não queriam ir, a maioria estava muito animada em deixar o lugar e ele nem poderia descrever sua própria felicidade.

Passou os olhos pelo local, Anabel e Eric arrumava algumas caixas enquanto riam. Aproximou-se dos dois no momento em que Eric dava carinhosamente um beijo no rosto de Anabel.

– Não adianta vir com carinhos, me responda, não mude de assunto. – Ela exige.

– Ok. – Eric começa, estava sorrindo e parecia animado. – Eu te amo, meu amor, mas você tem um péssimo gosto. Não irá decorar nossa casa.

– Eu tenho um péssimo gosto? – Anabel pergunta com a voz um pouco mais aguda que o normal. – Não tenho não.

– Ah, você tem. – Mau diz, assim que se aproxima.

– Está vendo?! Nada de decorar nossa casa, deixa isso comigo.

– Você sabe que ele está certo. – Mau diz. – Você não tem condições de decorar nada, não se quiserem que fique bonito.

– Mas eu queria fazer uma surpresa! – Anabel diz com uma voz dengosa, e Mau não consegue segurar o sorriso.

– É claro que você vai poder escolher coisas, mas decorar sozinha? Nem pensar! – Eric fala, e Anabel revira os olhos. – E, por favor, não fique com raiva de mim.