4 - Sobre Meninas e Mudanças

Parte 6 - Capítulo 4

Postando esse extra por causa da Brenda (LotusSolar27). Ela pediu segredo sobre o motivo, então... sem explicações. 

"Ah, se a beleza mora no olhar, no meio você chegou e resolveu ficar pra fazer teu lar..." - Tiago Iorc

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                Alex observa enquanto Aurora cantarola pela cozinha. Ele toma um gole de café e observa ela com um sorriso. Não ousava nem atrapalhar, ver Aurora feliz e relaxada estava ficando raros naqueles dias. Pensava que a segunda parte – estar relaxada – tinha a ver com a presença de seu irmão. De modo que quase, apenas quase, torcia para que ele fosse embora logo.

– Por que está me olhando desse jeito?

– Nada. – Alex diz, desviando os olhos. – Pode continuar. – Aurora cruza os braços. – Por favor, continue. Estava tão bonito.

– Diga. – Ela ordena.

– Tudo bem, eu estava te admirando. – Alex confessa. – Fazia tempo que não te via assim tão relaxada.

– Eu sei. – Aurora diz, dando um suspiro e deixando o pano de lado.

– E agora eu estraguei esse momento maravilhoso.

– Como sempre. – Aurora diz e abre um sorriso. – Mas acredito que estou finalmente bem de novo. As coisas estão se arrumando aqui, minhas amigas estão ficando bem também. Está tudo indo para o seu devido lugar.

– Graças a Deus. – Alex diz e suspira. – O quadro do meu pai está estável e... o dela também. Ou mais ou menos.

– Por falar nela, fui ontem vê-la e ela disse que faz tempo que você não visita.

– Não gosto de vê-la naquele estado.

– Você continuava visitando seu pai quando ele estava em seus dias difíceis.

– Sabe que nada se compara aquilo. – Alex diz. Ele abaixa a voz antes de continuar: – E Paloma sempre foi tão viva. Eu não gosto de ver minha mãe daquele jeito.

– Você é médico, devia saber lidar com isso.

– Ela é minha mãe. – Ele sussurra, entre dentes.

– Exato, ela é sua mãe. – Aurora sussurra de volta. – Precisa de você. Não sabe quanto tempo ela tem, então... – Ela para. – Desculpa.

– Sabe o que é engraçado? – Alex pergunta, mas nem espera um questionamento para continuar: – Ela nunca foi presente. Ela sumia pelo mundo e voltava nas datas importantes, mas ela fazia parte, sabe? E chegar o natal e não ter que esperar pela aparição dela, eu... eu nunca perdi ninguém assim.

– Precisa começar a lidar com isso, meu amor. Por ela. Está ficando pior e você não pode se afastar agora. Fico feliz que seu pai esteja melhorando, mas talvez deva focar em quem não está tanto. Sua mãe fez muito mais por merecer essa devoção.

– Você não gosta do meu pai, eu lembro disso.

– Não seja injusto. Não tem nada a ver com isso. Eu fiz muito pelo seu pai também, eu só não entendo como você pode amar mais ele do que a sua mãe.

– Não seja você injusta. – Alex diz, perplexo. – Não cabe a você julgar o que eu sinto.

– Estou julgando o que você faz. Seu pai já ficou entre a vida e a morte, e você não saiu do lado dele em momento algum. Enquanto sua mãe você nem consegue encará-la.