Fascínio [CONCLUÍDO]

Capítulo 22

Bônus Enzo

Que vontade de mandar todo mundo tomar naquele lugar!

Já não aguento mais.

Enzo faz isso
Enzo faz café
Enzo tira xerox
Enzo liga pra fulano
Enzo, Enzo, Enzo...

Porque fui nascer pobre?

É uma das perguntas que me faço todos os dias.

Queria muito tá deitado na minha cama, assistindo la casa de papel, comendo pipoca, conversando com alguém que queira algo a mais comigo, sem ser amizade. É pedir muito?

A carência é tanta que comprei um ursinho pra dormir agarrado nele, enquanto penso em quem será o cara que vai passar o resto da vida comigo.

Não queria ser assim. Eu sei que isso é o fundo do poço, achar que pra eu ser feliz preciso de alguém do meu lado. Mas o que eu posso fazer?

Só dou murro em ponto de faca. Só me interesso por caras que tem namorados, namoradas, casados, héteros... Tenho dedo podre pra escolher.

Sem contar os que só querem me usar como se eu fosse um objeto. No começo foi legal me sentir tão desejado por vários caras ao mesmo tempo. Foram quase dois meses de uma vida sexual agitada, só com os bonitões e charmosos da faculdade. Mas depois foi perdendo a graça e comecei a me sentir mal pra caramba. Por último pra fechar com chave de ouro, a minha vida amorosa de bosta, fui agredido por um aluno da minha sala que se achou no direito de me esmurrar só porque não quis fazer suas vontades.

Aquele dia pra mim, foi um dos piores da minha vida. Queria me enfiar em um buraco e não sair nunca mais. Só que eu tinha que ir embora, e a única pessoa que meio a mente foi Derek. Agradeci aos céus por ele não entrar em detalhes e aceitar as minhas não explicações.

Confesso que já me sentia loucamente atraído por Derek. E ele cuidando de mim tão bem igual cuidou, achei que ele era o cara. Mas me enganei como sempre e mais uma vez. Derek só tem olhos pra João e depois dessa nossa última conversa, cheguei a conclusão que o amor ali é pra vida inteira.

Sorte a deles né?

Azar o meu que estou sentado nesse banheiro há quase trinta minutos pensando na minha fodida vida de merda.

- Morreu aí Enzo? - alguém grita me tirando de meus desvaneios.

- Morri! Só falta enterrar - ouço risadinhas idiotas da Laura.

- Anda logo que o chefe que falar contigo.

- Ok - murmuro já começando a pensar os piores tipos de conversas que ele poderia ter comigo.

Me mandar embora seria nada perto de ele ter descoberto que eu cuspo no café dele às vezes, quando me perturba muito, antes de entrar na sua sala sorrindo debilmente.

Lavo meu rosto e escovo os dentes rapidamente, antes de sair de lá rindo pra todos os meus colegas de trabalho. É lógico que nenhum deles é o estagiário bonitinho que o patrão é louco pra pegar e não consegue. São todos muito bem resolvidos com seus trabalhos e com certeza com suas vidas amorosas.

- Sorte Enzin!

- Ah, obrigado Luís! - aceno pra eles que riem como se eu fosse um palhaço.

Talvez eu seja e não saiba, Derek já insinuou a mesma coisa.

Derek, Derek, Derek...

Tenho que esquecer esse cara. Urgentemente!

Bato na sua porta e espero alguns segundos, antes dele autorizar minha entrada.