Capítulo 6

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Brad

Natalie tem ideias ótimas e eu preciso concordar com Edward sobre o brilhantismo dela. É fascinante ouvir sua voz tão característica discorrer sobre formas de manipulação de imagem e saturação de público. Seus olhos perfeitamente desenhados em contorno preto se arregalam quando ela se entusiasma e se espremem quando ela sorri, lindamente mostrando seus dentes brancos. Ela é expressiva e sorrio de seus maneirismos tão próprios, a dicção imperfeita, que me faz acender ainda mais a curiosidade por sua língua. Gosto da voz rasgada de Natalie, o formato de sua boca e a forma que seus lábios se mexem quando ela fala. E ela fala muito. Muito mesmo. E rápido.

Eu quase preciso de um intérprete almoçando conosco, porque sinto que o tempo mastigando desvia meu cérebro da loira energética na minha frente. É impossível não rir do entusiasmo dela ao falar sobre como convencer Edward a tirar a barba fez milagres por sua imagem pública.

– E eu? – pergunto divertidamente depois de uns goles de água. – O que melhoraria minha imagem?

– Pra começar, deixar de enfiar suas partes íntimas em qualquer ser vivo que se mova. – o revirar de olhos vem acompanhando de um sorriso.

– Você disse que não tem nada contra a promiscuidade, mas vive me recriminando. Sente este cheiro, Natalie? – respiro fundo e ela espreme os olhos. – Sua hipocrisia fede.

Ela gargalha alto e deliciosamente.

– É diferente. Eu não durmo com ninguém do escritório ou com pessoas que se relacionem entre si. Você já esteve com setores inteiros da EP Morgan. Além disso... – prevejo uma defesa bem hipócrita. – Eu sempre procuro saber coisas sobre quem está comigo. Assim não fica tão impessoal, mesmo que não signifique nada. Duvido que você tenha essa humanidade.

– Que tipo de coisas, Dra. Humanidade? – me debruço sobre a mesa, interessado na súbita disposição dela em me contar algo pessoal.

– Coisas, mesmo superficiais, pelo menos cinco. – seu tom professoral é encantador, ditando mais uma de suas regras de relacionamento.

– Cinco?

– Lógico, Brad. Pode me dizer cinco coisas relevantes, mesmo que superficiais, sobre o último corpo que esquentou sua cama?

– Ela tem descendência mexicana. – Natalie levanta um dedo da mão, contando meu conhecimento e eu me desespero por não saber de fato se sei cinco coisas sobre Alina. Estou caindo numa armadilha. – Tem uma tatuagem de caveira na panturrilha. É garçonete há pelo menos dois anos. Adora banhos de banheira. Sua comida favorita é chili.

– Estou impressionada. – ela finge aplaudir. – Embora você possa ter inventado tudo isso.

– Eu não inventei. – inventei a parte da comida favortia sim. – Mas isso é pura hipocrisia, não é conhecer alguém de verdade, só serve pra amenizar sua própria consciência, Parker.

– Eu não disse que era conhecer, disse que é apenas não tratar a pessoa como instrumento de satisfação pessoal.

– E faz qualquer diferença se no final a pessoa vai embora de qualquer jeito?

– Talvez faça pra mim no momento em que acontece.

– Há um romantismo em algum lugar aí dentro. – claro que há, por mais que ela seja bem resolvida com o sexo.

– Há em todas as garotas que você já tocou, Brad. Mas elas fingem que não porque querem te impressionar. A gente acredita nos contos de fadas até que o príncipe vira sapo. – ela brinca.

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