Capítulo 34

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Brad

A coisa toda gira em torno de um único fato: eu me arrependo de cada segundo que não passei com Natalie, mesmo que fossem só por vinte dias. Ela insistiu no "enquanto estamos aqui" e eu tive medo pela minha sanidade. Um mês e meio desde a última vez que estivemos juntos, e na noite antes de Natalie ir embora eu só consigo pensar que podia ter jogado tudo pro alto e ficado com ela durante este tempo.

Estou namorando Alina, repito isso como se pudesse me fazer um homem melhor, mas eu não esqueço Natalie. Quer dizer, consigo não pensar nela em alguns momentos, mas esquecer mesmo, é bem difícil. Talvez quando ela estiver na Itália eu consiga. Só mais uma noite, algumas horas talvez, em que ela vai estar na mesma cidade que eu. Depois disso é um oceano de distância.

Então eu percebo que eu lembro dela quando penso em esquecer e meu peito se aperta. Eu decido fazer o que não fiz nos últimos vinte dias e aproveitar nosso "enquanto". Ligo para Edward e ele me atende quase prontamente, significa que não está com Maryanne.

– Esperei esta ligação. – sua voz é irônica. Edward me conhece e sabe meus motivos embora ele seja contra o que estou fazendo.

– É a última vez. – prometo.

– Você e eu sabemos que não é. Mas se é o que você precisa dizer a si mesmo, foda-se. Maryanne está com ela.

– Obrigado, Ed.

– Imbecil romântico. – ele ri e desliga.

Mando uma mensagem para Maryanne e quase desisto quando ela responde que estão na casa de Logan. Mas meu juízo é esmagado pela imagem de Natalie sorrindo na foto de Santorini no meu celular, peço o localizador da casa do meu arqui-inimigo e me enfio em qualquer roupa pra sair no quase frio de outono rumo ao Brooklin.

Ela poderia demorar quinze minutos ou três horas pra sair do apartamento de Logan, eu teria continuado com o traseiro na moto e os pés na calçada, irredutível na ideia de fazer horas valerem o tempo de "nós" que não tivemos. O amor é estranho pra cacete. Há milhares de motivos lógicos pra desistir de Natalie, e só um pra insistir. É este que me mantém imóvel e meio nervoso na calçada, parecendo um morto-vivo até a hora que ela aparece pela porta.

É como a primeira vez que a vi na vida. Saindo do escritório de Edward quando ela foi contratada como a RP dele. Senti exatamente o mesmo, mas naquela época não soube identificar ou nomear o arrepio gelado no meu estômago. Loira, cabelos claríssimos em um rosto delicado, redondo e com o narizinho arrebitado, suas curvas não são exuberantes, sua voz é rouca e de vez em quando meio grave, especialmente quando ela se empolga com algo e ela tem uma peculiaridade na dicção que puxa a fonética do "S". Ela parece uma bonequinha de cerâmica, frágil e quebradiça, mas é esperta e rápida como ninguém.

Natalie não é nada do que me atrai à primeira vista, nem nada do que me atrai à segunda vista. Mas ela me deixa louco desde a primeira vez que a vi. Ela parece tão diferente daquele primeiro encontro, mas ainda sim igualzinha a tudo que despertou minha curiosidade sobre ela.

Agora eu sei que essa coisa estranha no meu estômago tem nome: coisa número quatro.

Passo pela ponte do Brooklin acelerando e Natalie gargalha apertando as mãos ao redor da minha cintura. Ela deita a cabeça nas minhas costas algumas vezes, especialmente quando eu passo a mão sobre seus dedos entrelaçados em frente a minha barriga. Eu me pergunto por que nunca andei de moto com ela antes e na mesma hora respondo que nossos momentos eram mais íntimos do que públicos, mas eu gostaria de ter feito isso outras vezes.

Paro na garagem da minha casa e Natalie começa a descer da moto, eu giro o corpo e a puxo para perto de mim, beijando-a novamente na penumbra do lugar. Já estivemos juntos aqui, mas quando encosto a mão do rosto gelado de vento de Natalie, parece que faz um século que meu corpo não encontra o dela, explodindo numa excitação incontrolável.

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