Capítulo 17

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Natalie

Abro as portas do apartamento jogando as malas de canto, Mare também não se importa em arrumar nada, se jogando desanimada no sofá. Ela não gostou muito do nosso retorno precoce, ainda iríamos para a Itália, mas foi uma decisão protetiva pra ela também. Ela mexe no celular algumas vezes, sempre buscando uma mensagem ou uma ligação que não está ali. Finjo não vê-la caçar Edward no aparelho eletrônico escondida atrás do meu.

Há algumas ligações perdidas de Brad e eu não sei o que fazer com elas. Eu não consigo retornar, ainda lembro muito claramente de tudo que aconteceu, ainda estou enciumada e prefiro não falar com ele em termos onde eu possa cobrar coisas indevidas.

No segundo dia de volta em Nova Iorque eu começo a me sentir melhor em relação a Brad, ainda sem responder as mensagens ou ligações. Me convenço que estar fora de um ambiente familiar me fez vulnerável, é por isso que eu me apeguei a ele. Distante da minha zona de conforto, ele parecia um elo pra tudo que eu gosto, uma figura conhecida, e meu coração buscou nele o acalento e segurança que eu não encontrava no ambiente desconhecido.

Eu respondo as mensagens dele e apago antes de enviar, sem saber exatamente o que dizer.

Maryanne consegue o papel na peça para a qual fez o teste. É a única coisa que a anima de fato porque no restante do tempo ela parece um rascunho de ser humano pela casa. Ela está envergonhada por sofrer por Edward, embora eu sempre soube que Mare não foi desenhada para relacionamentos superficiais e breves, quando falou comigo na Grécia ela me disse que sabia o que estava fazendo. É lógico que ela não sabia. Eu me disponho a conversar com ela, consolar seu choro, mas ela nega.

– Eu só vou dizer que sou uma imbecil, Naty. – ela diz com os olhos boiando em lágrimas.

– Você é doce. – digo abraçando-a bem apertado. – Sinto muito, Mare.

Eu gostaria de sufocar Edward lentamente por sua falta de cuidado com minha amiga. Sempre foi chato dispensar garotas inconvenientes com quem ele dormiu, sempre me senti péssima por ter que afastá-las dele. Mas fazer isso com Maryanne me dá uma raiva que nunca senti de Ed.

Estou enfrentando meu inferno astral, definitivamente.

– Vamos comemorar minha carreira como atriz. – ela evita chorar, olhando pro alto sem piscar. – Chamei Logan para o bar.

– Ok, vamos comemorar. – muito embora eu precise trabalhar cedo na manhã seguinte, não vejo Logan desde antes da viagem, então não recuso o convite.

O bar é nosso local favorito para shots desde a faculdade. Estamos animados e o lugar entupido de pessoas com a mesma intenção que nós: celebrar ou esquecer detalhes específicos de suas vidas. Eu me divirto dançando, bebendo tequila e cantando muito mal as músicas altas. O calor abafado e cheiro etílico amadeirado do lugar me tiram um pouco de órbita, danço com Logan de olhos fechados, com os fios do cabelo preso grudando no rosto.

Ele parece feliz e descontraído, e gira Maryanne em seus braços, ela dá uma gargalhada e anuncia que está bêbada um pouco alto demais. É nosso momento para ir embora, já que nenhum de nós três conserva mais a sobriedade. O porteiro é um velho conhecido nosso e nos coloca gentilmente dentro de um táxi onde Mare dorme no meu ombro antes de virarmos a esquina.

Eu sinto falta de sexo, especialmente depois de tanta tequila. Meu corpo inteiro está meio amortecido pelo álcool e esfrego a mão na coxa de Logan, deixando transparente a minha intenção. Ele dá meio sorriso olhando para meus dedos sobre sua calça. Então repousa a mão sobre a minha, cessando o carinho que eu faço como um convite pra dentro de mim.

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