Capítulo 33

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Natalie

Edward e Maryanne, assumem seu relacionamento em público poucos dias depois da minha saída da EP Morgan. Eu disse que eles deveriam aguardar, mas os dois não viam a hora de poder andar pelas ruas como um casal apaixonado. Foi um soco na imagem de Edward e eu rio vendo o jornal enquanto minha mãe me serve um suco de laranja. Denise vai ter muito trabalho.

Mudo para Newport, pro meu quarto antigo e adolescente, logo que deixo o trabalho. Assim fica mais fácil ajudar minha mãe e Calvin com a mudança. Ela parece melhor e mais disposta, liberada para as quase onze horas de avião que nos separam da Itália, finalmente. Eu por outro lado, me sinto fisicamente mal, consumida por um nervosismo insistente que me causa uma insônia péssima.

Felizmente o tempo passa rápido e cumpro quase tudo que estava em meus propósitos. Quase. No dia do meu "procedimento" Maryanne é a única pessoa comigo. Ela também é a única que sabe sobre minha ideia meio maluca de dar um neto à Anna Parker, então segura a minha mão enquanto assino papéis e mais papéis. Minha cabeça dá um nó e meu estômago enjoa. Eu estou à beira de um ataque de pânico e Maryanne me pede pra respirar.

– Que porra eu estou fazendo? – minha ansiedade explode.

– Dando um neto à sua mãe. – Mare repete. – Vai dar tudo certo.

– Eu não posso fazer isso. Eu não sei cuidar de uma criança.

– Natalie, respire. Você já veio até aqui.

– Natalie Parker. – a enfermeira me chama e Mare se levanta.

Meu traseiro fica colado na cadeira, paralisando meu corpo em medo e dúvida.

– Naty. – Mare me encara e eu penso na minha mãe e seu sorriso. É isso. Vamos lá, doador de esperma número 23. Seremos pais de uma criança.

– Quer que eu entre com você? – Mare oferece.

– Não. Se eu vou criar um bebê sozinha, começo sozinha.

Me encho de coragem e entro. É aterrorizante e clínico demais, num ambiente em que eu imaginaria fazer qualquer coisa, menos um bebê. Não sou muito romântica, mas a ideia convencional de concepção é muito mais agradável do que esta, cheia de aparelhos, monitores e testes. Além disso, nunca me senti tão só na vida. Ok, eu sempre fui sozinha, mas agora eu me sinto só. São duas coisas bem diferentes. A primeira é opcional, a segunda é um estado de espírito tão gritante que me faz sentir bem pequena.

A médica explica algumas coisas pela enésima vez, e acho que a expressão "coleta de óvulos" me faz parecer uma galinha. Tento pensar menos bobagens e entender o que ela está prestes a fazer no meu corpo, mas é impossível não me distrair. Deito na maca parecendo um peru de Ação de Graças para a ecografia.

– Natalie, temos um problema. – a médica me olha pelo pano estendido nas minhas pernas.

Parece uma pequena lona no circo da fertilização. Outra idiotice que eu pensei.

Um problema não é exatamente o que você quer ouvir quando tem alguém olhando sua vagina. Mas realmente é um problema, e dos grandes. É tão absurdo que me faz sair mais rápido do que entrei, sem ouvir direito tudo que a médica disse. Maryanne salta da cadeira na sala de espera e me olha assustada, certa que eu desisti, e ela tem razão.

– Está tudo bem. – ela afirma analisando minha expressão chocada.

– Eu estou grávida.

– O quê? – ela grita chocada, arregalando os olhos castanhos pra mim.

O mal estar constante atribuído ao meu nervosismo tem outra explicação, obviamente, e eu desvio de Mare para despejar meu café da manhã no chão, entontecida pela imagem em preto e branco do pequeno coração batendo no meu útero. Parece que ganhei mais do que uma noite de presente de aniversário de Brad Kensington. Mare fala o óbvio durante o caminho de casa. Minha cabeça gira e eu sei que, apesar de estar vivendo um momento bem surreal, ela está certa. Eu tenho que falar com Brad.

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