Capítulo 27

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Natalie

Sempre fui orgulhosa e isso não é motivo de qualquer congratulação. Estou magoada com Brad, mas admito todas as culpas que tenho em relação ao ciúme e a cena que ele presenciou. Eu só consigo querer consertar isso porque minha vontade de estar com ele finalmente é maior do que meu orgulho. Mando mensagens, incluindo a foto de Santorini, lembrando-o que, como o burro na foto, as coisas às vezes não são o que parecem.

Mas ele não visualiza, não responde e me ignora com uma proficiência exilatória que me tortura. Até tento ir até sua casa depois que Bruno me informa que ele não foi trabalhar. Mas o porteiro diz que ele não está.

Me resigno na incapacidade de procurá-lo pela imensa cidade. Se tem algo incrível em Nova Iorque é a ubiqüidade de lugares onde alguém que não quer ser encontrado pode se esconder. Mas ainda passo em seu bar favorito, que ele mencionou algumas vezes em nossas conversas. Meu estômago só aguenta uma água e quando sento próximo ao balcão, vivendo outro dia péssimo na vida de Natalie Parker, ele piora um pouco. A atendente do outro lado é Alina.

Acabo de entender por que este é o bar favorito de Brad.

– Dia difícil? – ela me reconhece, obviamente, e eu estou mais uma vez parecendo um lixo, diminuída pela aparência inegavelmente atraente da morena linda na minha frente.

– Um deles. – respondo num suspiro.

– Você vai pedir alguma coisa?

– O que eu quero não dá pra comprar.

– Sei como é. – ela levanta as sobrancelhas. – E também não está por aqui.

– Percebi. – olho ao redor e depois a encaro.

– Eu não sou de dar conselhos, especialmente pra quem está competindo comigo. Mas o que quer que você tenha feito da primeira vez, funcionou. Faça novamente.

Dou uma risada irônica e desesperançada.

– Dê o fora, loirinha. – ela perde o tom confidente e me faz uma expressão fechada, eu obedeço.

Alina parece uma boa garota e eu não consigo entender porque Brad não a escolheu em vez de mim. Ela é seu padrão óbvio de mulher, exuberante, linda, morena, menos complicada e decente. Me lembro novamente porque eu nunca quis detalhes das pessoas que Logan dormia. Agora "conhecendo" Alina, quase me sinto uma vadia por ter ido atrás de Brad apenas para magoá-lo tão cruelmente. Ele merecia mais.

Brad merece mais do que eu. É a única conclusão que achei na minha busca por ele.

Vou pra casa me sentindo derrotada. Converso com Maryanne e me desculpo novamente por tudo. Ela e Edward criaram a bola de neve, mas eu não fiz nada para evitar que ela atropelasse todos nós esmagadoramente.

Dormir é quase impossível, mas quando o sono vem, me arrebata profundamente. O novo dia chega e não acordo até que Maryanne entre no meu quarto rapidamente, perto de meio dia, com um olhar apavorado e seu telefone em punho.

– Acorde, Natalie. É Calvin. – ela me estende o aparelho e o coloco no ouvido já com o coração disparado.

– Naty, é sua mãe. Ela está no hospital.

É a segunda frase que eu mais temo ouvir na vida. A primeira é aquela que vai me impedir de ver minha mãe para sempre.

Chego ao hospital completamente transtornada e entro no quarto pálida como papel. Minha mãe descansa, mas tem olheiras tão profundas que me doem a alma. Calvin se levanta da cadeira a seu lado e me abraça.

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