Capítulo 35

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Natalie

Olho para trás antes de embarcar e dou mais um aceno para Maryanne, ela corresponde e mantemos a promessa de não chorar apesar do nó na garganta. Eu nem queria que ela se despedisse de mim no aeroporto, mas o romantismo incurável de Maryanne não permitiria que ela ficasse em casa. O aluguel do apartamento está pago até dezembro e depois disso ela mesma vai fazer seu contrato.

Este é o plano, mas eu duvido. Pelo andar das coisas, no Natal Maryanne estará se mudando para o apartamento de Edward.

Sento ao lado da minha mãe no avião e ela aperta minha mão carinhosamente.

– Eu sei o quanto isso está te custando, Naty.

– Não fale como se fosse um sacrifício, mãe. Eu quero ficar com você.

– Quando você era criança, eu te tirava da sua cama e colocava na minha, só pra achar que você precisava de mim. Era uma bobeira, mas você não era dependente como as outras crianças e isso acabava comigo. Eu achava que você não gostava de mim. – ela ri divertidamente.

– Eu gosto de você e preciso de você mais do que nunca. – arrumo o lenço em sua cabeça.

– Eu sei disso hoje. Mas você nunca entendeu que podia depender dos outros. Acho que ainda não entende, Naty.

– Não é isso, mãe. Eu tomei decisões porque não queria que ele fosse obrigado a viver pelas minhas regras. Depois disso complicamos tanto as coisas que eu já nem sei mais o que fazer?

– Você está pensando nele, Naty, mas também está pensando POR ele.

– Mãe, eu não sei essa merda toda de relacionamentos.

– Olha a boca.

– Desculpa. – respiro fundo. – Olha o que eu fiz com Logan. E ele é muito mais tranquilo do que Brad. Tudo que aconteceu foi muito intenso e confuso entre nós. Eu preciso respirar e entender se isso vai continuar sendo tão grande se eu estiver longe dele.

– Vocês ficaram longe, menina.

– Não é longe se você pode bater na porta da pessoa quando a saudade fica insuportável, mulher.

– Onde você quer chegar com isso? Se o sentimento continuar grande com a distância e o tempo, então o que?

– Então acho que podemos ter algo honesto e maduro, não somente baseado em uma vontade incontrolável de... – ela levanta as sobrancelhas pra mim e engulo as palavras.

– E ele sabe disso?

– Não necessariamente. – eu não pensei nisso exatamente com todos os detalhes.

Toda a parte de estar meio que fazendo um ser humano na minha barriga diminuiu minha capacidade analítica.

– E quando vai saber?

– Logo.

– Natalie.

– Mãe é demais pra mim, por favor. – meu coração parece querer sair pela boca. – Eu saí de pensar em mim e no máximo no que Maryanne ia querer jantar, pra administrar os sentimentos de Brad, Logan, Edward e nosso relacionamento ridiculamente falso e o fato de você desistir de viver. Eu sei que eu inventei a mudança porque achei isso te animaria a continuar aqui comigo, e agora a ervilha...

Eu mal respiro.

– É demais pra mim. – concluo tentando soltar o cinto mas minhas mãos se atrapalham.

Eu quero fugir, mas nem sei pra onde exatamente. Só preciso sair correndo.

– Natalie, calma. – Calvin pede e eu puxo o ar com força, ignorando os olhares ao meu redor.

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