Capítulo 10

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Brad

Entro na academia do hotel pronto para espantar as diferenças de fuso que me mantiveram acordado metade da noite. É isso ou ficar no quarto e perder o horário com o sono que me toma de assalto se meu corpo ficar mais de dez segundos parado. A maioria da equipe teve a mesma ideia que eu, e a sala de ginástica parece uma filial da EP Morgan em Bruxelas.

Cumprimento todos que conheço começo a correr na esteira. Uma garota simpática, que surpreendentemente é uma hóspede aleatória do hotel, luta contra os botões de velocidade de seu equipamento ao lado do meu. Entre uma corrida desajeitada e uma caminhada extremamente lenta ela parece presa num programa de pegadinhas, e não consigo evitar de rir de sua pobre situação.

– A coisa é que você não pode apertar os botões tão rápido. – digo me pendurando na lateral da esteira dela, e aperto os botões com calma.

– Essa porcaria está quebrada. – ela reclama revirando os olhos e com uma vergonha visível.

– Não está não. Ela só é temperamental. – rio e ela deixa escapar um sorriso no meio da irritação.

Seu cabelo é curto e combina com a estrutura forte do rosto bem desenhado. O corpo é quase uma escultura e a postura e o sotaque me entregam que ela deve ser espanhola.

– EU sou temperamental, isso aqui é uma geringonça com defeito. – ela graceja e finalmente começa a andar num ritmo normal e contínuo de exercício. – Obrigada pela ajuda. Lola García.

– Brad Kensington. – estico a mão e aperto a dela. Lola estava envergonhada, mas agora parece um pouco melhor. – Eu não ouço ninguém falar "geringonça" desde quando minha avó era viva.

– Deus a tenha! – ela se benze exageradamente. – Está na cidade a negócios ou prazer, Sr. Kensington?

– Negócios, basicamente. – volto para minha esteira, mas em vez de correr, ando com Lola. – Mas sempre sobra um pouco de tempo. E você?

– Negócios também. Mas sempre sobra um pouco de tempo. – ela levanta as sobrancelhas.

– Quem sabe com todo este tempo livre poderíamos jantar ou conhecer a cidade. – o que eu estou fazendo? Estou flertando descaradamente com uma mulher que conheci há dois segundos.

É como um hábito que eu não consigo desvencilhar do meu comportamento meio patético e desesperado. Vejo Lola sorrir e balançar a cabeça em concordância. Parece que tenho um encontro internacional e quase nenhuma noção.

Olho para o lado oposto da academia e vejo Natalie limpando o suor do rosto com uma toalha. Ela tem o cabelo preso e está completamente avermelhada pelo esforço. Diferente do dia anterior, hoje seu olhar não ousa vir para minha direção e desço da esteira num pulo deixando Lola falando quase sozinha quando ela me pergunta o número do meu quarto.

Natalie me ignora voluntariamente, olhando para frente mesmo quando paro a seu lado. Eu sento no banco onde ela repousa e reparo nas pequenas gotinhas de suor que escorrem em sua nuca, imaginando seu gosto salgado.

– Não sabia que você gostava de exercícios. – inicio a conversa mesmo que ela tenha um ar de poucos amigos.

– Eu não gosto. – sua resposta é seca. – Eu só preciso me livrar da energia acumulada.

– Posso te ajudar com a energia. – finalmente ela me olha, mas só pra me fulminar com a mandíbula presa e as sobrancelhas franzidas.

– Você pode voltar pra sua donzela em perigo na esteira, Kensington. Estou muito bem sozinha.

– Donzela em perigo? – rio e olho para Lola. Ela acena e volto a olhar para Natalie. – Está com ciúmes?

– Não estou num dia bom, Kensington. – ela espreme os olhos pra mim.

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